quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Recompensa?

Chove forte. Tão forte que mal posso enxergar através das janelas as outras casas da rua.
Por um instante, eu quis ser chuva. 
Chover. Chover. Chover. 
Até ser tragada pela terra, correr pelo asfalto ou ser sugada por um bueiro. 
Chover, chover, chover. 
Até virar mar, e aí quem sabe então, reviver. Bem longe daqui.

"Quem dera que a primeira vez que te vi tivesse sido também a última. Assim, eu não veria de novo, de novo e de novo. Quem sabe eu nem notaria a beleza do teu olhar e a intensidade do teu sorriso. Quem sabe você seria apenas mais um, como o cara da papelaria ou o manobrista... E quem sabe agora eu não sentiria tanta saudade, nem guardaria tantas mágoas, nem nada... Foi aquela tua doçura do início apenas uma arma? A princípio eras inofensivo... Como um lento amanhecer, você se infiltrou em minha vida, infundindo luz na escuridão... Depois que fui conhecendo, você passou a se tornar perigoso, revirando minha vida, roubando meus pensamentos e por fim, sumindo assim, tal qual ladrão de almas, de corações, - apagando a luz... Deixando um vazio triste, mil possibilidades e mil lembranças...
Lembrar ainda é a única forma que encontro de ter-te um pouco mais perto de mim. Posso sentir, ao reviver na memória, teu toque, teus gestos, tua voz. É só nas lembranças que tenho teu olhar calmo sobre mim, tua atenção, teu sorriso perdido, tuas palavras certeiras tão bem escolhidas. Mas é por conta dessas lembranças - tão boas - que não consigo perdoar-me. É recordando os momentos passados que vejo como fui tola. 
Guardo aquele teu último olhar. Apreensivo. Quase que implorando, em meio aquela avalanche de incertezas, uma certezinha só que fosse... Um olhar tão lindo que ficou sem resposta... Que teve uma incerteza a mais, como que por recompensa, aos tantos olhares que você também preferiu perder de vista..."
By Shuzy

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