sexta-feira, 27 de julho de 2012

"Quero fazer uma homenagem aos excluídos emocionais, os que vivem sem alguém para telefonar no final do dia, os que vivem sem alguém com quem enroscar os pés embaixo do cobertor. São igualmente famintos, carentes de um toque no cabelo, de um olhar admirado, de um beijo longo, sem pressa pra acabar.
A maioria deles são solteiros, os sem-namorado. Os que não têm com quem dividir a conta, não têm com quem dividir os problemas, com quem viajar no final de semana. É impossível ser feliz sozinho? Não, é muito possível, se isso é um desejo genuíno, uma vontade real, uma escolha. Mas se é uma fatalidade ao avesso – o amor esqueceu de acontecer – aí não tem jeito: faz falta um ombro, faz falta um corpo. (...)
A boa notícia: você não é um sem-trabalho, sem-estudo e sem-comida – é apenas um sem-paixão. Sua exclusão pode ser temporária, não precisa ser fatal. Menos ponderação, menos acomodação, e olha só você atualizando sua carteirinha. O clube segue de portas abertas."By L.N
O mais lindo futuro sempre dependerá da necessidade de esquecer o passado!
By L.N
- Só sei que nós nos amamos muito...
- Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
- Não, eu falei no passado!
- Curioso né? É a mesma conjugação.
- Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?
- E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações...
- Pensar assim me assusta.
- Porque? Você acha isso ruim?
- É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais...
- Você usou o verbo 'doer' ou 'doar'?
- [Pausa] Pois é, também dá no mesmo..." By L.N
"Como quando se tira um vestido velho do baú, um vestido que não é para usar, só para olhar. Só para ver como ele era. Depois a gente dobra de novo e guarda mas não se cogita em jogar fora ou dar. Acho que saudade é isso." By L.N

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Tenho encontrado muitas pessoas, porém não encontro gente...
Há um vazio dentro de cada um, um processo de fechamento em sentimentos.
Encontro sorrisos, porém daqueles que expõem apenas os dentes, mas não a alma.
Encontro verdadeiras tocaias, e não corações.
Reservas insistentes da solidão..."By L.N
"Estou tentando aprender que esse homem que brinca comigo é o mesmo homem sério que fala comigo sobre dinheiro e com tanta seriedade que nem parece mais que está me vendo, e também o homem paciente que me dá conselhos em momentos difíceis, e o homem zangando que bate a porta com força quando sai de casa.
Muitas vezes desejei que o homem brincalhão fosse mais sério, que o homem sério fosse menos sério e que o homem paciente fosse mais brincalhão. Quanto ao homem zangado, ele é um estranho pra mim e não sinto que seja errado ter ódio dele.
Agora estou aprendendo que, se digo palavras ásperas para o homem zangado quando ele sai de casa, estou ao mesmo tempo magoando os outros, aqueles que não quero magoar: o homem brincalhão que me caçoa, o homem sério que fala sobre dinheiro e o homem paciente que me dá conselhos.
No entanto, eu olho para o homem paciente, por exemplo, a quem quero acima de tudo proteger de palavras ásperas como as minhas e, embora eu me diga que é o mesmo homem que os outros, só consigo acreditar que falei aquelas palavras não para ele, mas sim para um outro, meu inimigo, que merecia toda minha raiva."By L.N

Voltaire

"Os homens que procuram a felicidade
são como bêbados que não conseguem
encontrar a própria casa,
mas sabem que têm uma."
"Amor é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém, e não desiste."
"A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser recompensado. O amor é sua própria recompensa. (...) É a experiência humana mais exigente; não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega e compromisso. Do ‘sacrifício’ de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor. Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro."By L.N
"O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: 'cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!'. Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao você se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata [...] Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeitinho que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: 'eu sou bonita'."By L.N
"O que faz uma pessoa desistir de amar? Desistir de sentir saudade, de lutar até o último suspiro e de se entregar?
Vejo tantas pessoas que não sentem nada. Nem a felicidade do amor correspondido, nem a dor do amor despedaçado. Caminham em um filme preto e branco, sem a intenção de colorí-lo e eu não creio quando optam por isso.
Prefiro acreditar que corações às vezes ficam em stand by. À espera de serem salvos.By L.N
"Talvez a felicidade não tivesse a ver com as circunstâncias grandiosas, arrebatadoras, ou com ter tudo no lugar em sua vida. Talvez tivesse a ver com ligar entre si um monte de pequenos prazeres. Assistir ao concurso de Miss Universo de chinelo. Comer bolo de chocolate com sorvete de baunilha. Atingir o nível no Senhor dos Dragões, sabendo que ainda havia vinte estágios para superar.
Talvez a felicidade fosse tão somente uma questão de pequenas coisas - o sinal de trânsito que diz "ande" no segundo em que você o alcança (...) Essas coisas acontecem a todas as pessoas no decorrer de um dia. Talvez todo mundo tenha a mesma medida, o mesmo lote de felicidade por dia.
Talvez não fizesse diferença você ser uma pessoa querida, famosa em todo o mundo, ou um sujeito sofredor. Talvez a possibilidade de sua amiga estar morrendo não alterasse a cota de felicidade.
Talvez simplesmente se passe por essas coisas. Talvez não possa ser de outra maneira."By L.N
"Se o tal "amor" é impontual e imprevisível que se dane! Não adianta: as pessoas são impacientes! São e sempre vão ser! Tem gente que diz que não é. "Eu não sou ansioso, as coisas acontecem quando tem que acontecer." Mentira! Por dentro todo ser humano é igual: impaciente, sonhador, iludido. Jura de pé junto que não, mas vive sempre em busca da famosa cara metade! Pode dar o nome que quiser: amor, alma gêmea, par perfeito, a outra metade da laranja... No fim dá tudo no mesmo. Pode soar brega, cafona. Mas é a realidade. Inclusive o assunto "amor" é sempre cafonérrimo. Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de viver um grande amor. Poucas pessoas experimentaram nesta vida a sensação de sonhar acordada, de dormir do lado do telefone, de ter os olhos brilhando, de desfilar com aquele sorriso de borboleta azul estampado no rosto."

Luis Fernando Verissimo.
"Hoje, meu amor é um casaco jogado no chão, de braços abertos, esperando quem saiba vesti-lo."By J.M
"Não adianta negar, o tempo enfraquece os sentimentos. Na verdade, o tempo, a distância e a falta de vontade. Amizades são enfraquecidas, amores são deixados de lado, dores são amenizadas, memórias são desbotadas e, mais tarde, essas amizades, amores, dores e memórias vão ser substituídas. É o ciclo da vida. Criar para ser destruído, destruir para ser recriado e ter sentimentos para ser marcado, mas nunca da mesma forma."By L.N
"Preste atenção no seu modo de vida e não se prenda a nada que te faça encolher. Amor que maltrata não traz paz, e o coração vai vivendo de migalhas até transbordar insatisfações, tristezas e choros."By C.C
Onde será que enterraram os restos mortais do romantismo? ando tão cansada de bancar a mulherzinha moderna, super-heroína, aquela sem interesse em compromissos, em relacionamentos sérios, que estou pronta pra incorporar a paleontóloga e escavar onde for para resgatá-lo. é de admirar-se a falta de sensibilidade que acomete algumas pessoas da “nossa” geração. (re)inventamos o verbo "ficar" e somos nós que ficamos na mão quando o desejo de oficializar quaisquer namorico aparece. quero de volta notar o rubor nas bochechas da pessoa que me encontra; reconhecer um brilho diferente no olhar do outro quando estes com os meus se cruzam. sem pieguices, que também não sou dessas, mas meu eu-afetuoso está cansado de ser massacrado pela secura das relações que me cercam. quero andar de mãos dadas em algum parque nas tardes de domingo. sentir novamente um nervoso antes de ter meus lábios tocados por alguém especial pela primeira vez. a folia da micareta não faz sentido no mundo. eu quero alguém que me dê flores, mesmo sendo amigo. alguém que me escute, e não queira apenas fazer sexo. poder recitar poesias de amor sem parecer clichê. nada de clarice, nem caio, nada profundo, conturbado, nem moderno e contemporâneo. eu quero o sofrimento do werther, de goethe, que se mata em nome de uma paixão inconcebível. ou da isolda, de wagner, que ao encontrar seu tristão morto, sucumbe à morte de tristeza pois não suportaria a vida sem o seu verdadeiro amor. há dias que simplesmente acordamos assim, querendo amar, querendo morrer. ter o que sentir na carne, na alma, na vida offline. eu hoje quero um amor a moda antiga e não apenas alterar meu “status” de relacionamento das redes sociais das quais participo. se amanhã ainda estarei assim, não sei. sei que neste momento quero o mesmo amor de camões: aquele que ardia sem se ver, doía sem doer, nunca contentava-se de contente, ganhava ao se perder.By. M
"Mas é realmente difícil essa coisa de ligar e dizer “olha, hoje eu não ando bem, me ajuda?”. Ah, eu não sei fazer isso direito até hoje! Em parte porque acho que me cobro demais em estar bem. Quer dizer, a peteca cai de vez em quando, mas o dia todo também não dá, entende? Uma reação contra a vida também é responsabilidade minha. Entretanto, se você diz que acha - apenas acha - que não está bem, eu logo trato de resolver a sua vida, não importa o que está acontecendo ou o peso da “peteca”. Eu só não sei pedir ajuda, mas eu ajudo. Não sei chamar, ocupar o tempo do outro, mas é inevitável: eu também necessito de ajuda. Os meus olhos dizem isso, não dizem? Eu quero aprender a ligar, a pedir, a chamar. Eu também preciso."By L.N
"Ah, sua boba. Você e esse teatrinho de ser durona. Quem vê até pensa, quem vê até imagina que você é assim, tão má, tão fria, tão perversa. Mal sabem eles como você é delicada, gentil e amável. Não com todos, aliás, com ninguém. Até com sua mãe você aprendeu a não ser tão sentimentalista. Você guarda toda essa delicadeza por medo, eu sei. As pessoas te pisam quando você é assim. Então você prefere usar essa máscara aí. Meus parabéns, viu? Engana meio mundo, mas não a mim. Conheço o aperto em seu coração à noite, conheço o choro baixinho, conheço seu gosto por comédia romântica, conheço você. Já te fizeram sofrer, e muito, eu sei. Sei também que você finge não se importar, mas se importa até demais. Sei que se preocupa, sei que ama, sei que sente. Você simplesmente esconde isso. Se bem que no fundo, ainda resta uma pequena esperança contida no seu coração. Você, disfarçadamente, ainda tem fé de que tudo vá dar certo. Amor, família, amigos. Um futuro, um príncipe, uma história de amor. Você, no fim, continua sendo apenas uma garotinha que se entrega demais, que sente demais, que se machuca demais."By L.N
"A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não."
"Ô moça do sorriso grande, tão querendo levar sua paz, roubar seu sorriso e apagar seu brilho. O mundo é feio, mas ele para quando você rir, ele se diverte quando você conta suas piadas sem graças. Ô moça, tão querendo te fazer chorar, querem que você se mostre fraca. Mas a gente sabe que você não é fraca, você talvez não saiba, mas é tão forte, que o mundo quer roubar isso de ti também. Ô moça do coração gigante e dos olhos pequenos, a sua hora está chegando, enquanto isso espera sorrindo, porque enquanto você sorrir, a gente sabe, que amanhã tudo vai ficar bem."By L.N

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quando eu achar um namorado minha vida vai ser mais feliz: discurso daquela com sérios problemas de autorrealização. Quando eu achar um namorado vou transar todo dia: discurso da ninfomaníaca iludida. Quando eu achar um namorado vou emagrecer três quilos e ficar linda para ele: literalmente, o discurso de quem  empurra com a barriga. O famoso “quando eu achar um namorado” nada mais é do que a fantasia de um sonho que todas as filhas de Afrodite tiveram, têm ou terão. O grande erro é sempre esse: o monstro da idealização.
Nem discutirei sobre o setor de “a procura do príncipe encantado”, todas nós, depois de muito custo, já descobrimos que ele não existe. Ainda assim, gerações e gerações esperam que em algum “reino tão, tão distante” lá estará ele, o homem dos sonhos, o pai dos filhos, o marido exemplar, o namorado à moda antiga ou seja lá qual for a nomeação mentirosa que você quiser dar. A verdade, minha querida, é que um dia, seja aos quinze, aos vinte ou aos vinte e cinco anos, você vai descobrir que esses são os dois dos grandes erros responsáveis por aquela velha frase de “eu não sou feliz”. O primeiro e mais corriqueiro é sonhar que um dia você encontrará ao acaso um ser do sexo oposto e lá estará a placa dizendo “Este é o seu príncipe encantado, agarre-o em três, dois, um.. já!”. O segundo é a idealização de supor que ao achar um namorado a felicidade vem de brinde. E não vem, é difícil acreditar, eu sei, mas não vem.
Quando você achar um namorado você vai ficar feliz, mas entre o ficar e o ser feliz, existe um longo caminho. Caminho no qual você terá que lembrar todo dia o que é cultivar um relacionamento. E isso pode parecer batido e antigo, mas é a pura verdade. Porque assistir filme toda sexta-feira cansa, transar na mesma posição enjoa, ver o outro com “roupa de ficar em casa” faz perder todo o encanto, dar beijo com bafo de acabei de acordar só é lindo no primeiro mês, ter que ir à festinha de aniversário da sobrinha dele em pleno sábado faz você sonhar com a balada. E aí, se não você não souber cultivar, se você não souber sair da rotina, se você não souber inovar, minha amiga, seu namoro estará fadado ao fracasso.
Você também precisará saber, antes mesmo de começar um namoro e de naufragá-lo com suas projeções de “namoro ideal” e expectativas frustradas, que estar junto com alguém não faz com que você se torne esse alguém, e  que a personalidade do outro não deve fugir das mãos da pessoa e se alojar em você. E que não se deve mudar por ninguém, nem por osmose, nem por amor. É muito bonito e romântico dizer que “agora somos um”. Mas não são, quando você estiver com diarréia, é você por você mesmo. Quando você se voltar para seus pensamentos e se perguntar se é mesmo com essa pessoa que você deseja estar até o fim da vida, é você com você mesmo. E quando você fizer aquelas coisas que todo mundo faz quando ninguém vê, é você, você mesmo e só. O outro não tem nada a ver com isso. E é bom que não tenha, porque é preciso cuidar da sua própria individualidade para que sua vida não saia do eixo. Porque antes de ser dois, era um. E mesmo acompanhados, em alguma hora, ainda estamos sós. E não há erro nenhum nisso.
Erro é se vestir com os sonhos de menininha do papai e achar que só porque existe uma aliança no dedo existe uma aliança de vida. Erro é deixar de dar risadas com as amigas porque agora você é séria e passeia domingo na praça de mãos dadas. Loucura é esquecer-se de si, e pensar sempre no agrado do outro em primeiro lugar. O amor não é se doar, nem se doer. Amor é muito mais que isso. Amor é tudo aquilo que eu ainda nem sei. Mas já dizia minha avó que toda união deveria ser feita dessas cinco coisas: amizade, admiração, paixão, tesão e amor. E não importa em qual ordem esses sentimentos aparecessem, o que não poderia nunca acabar, são os dois elos da ponta: a amizade e o amor. Concordo com ela. Mesmo porque, todas as vezes em que decidi sair sem guarda-chuva, e ela o mandou levar, choveu.
Com todos os argumentos socráticos que eu poderia ressaltar prefiro ficar com toda simplicidade que os ensinamentos dessa simpática senhora podem trazer e também com o óbvio, mas que parece estar tão esquecido em nossas mentes jovens, neuróticas e contraditórias: namoro, casamento, acasalamento ou relação casual, enfim, onde existe a relação mútua entre duas pessoas, deve haver cultivo, individualidade, amizade e amor. Deve haver, antes de tudo, a vontade de estar com o outro até em Marte se possível fosse. Deve se jogar fora todas as idealizações de namoro dos sonhos e entrar com os dois pés na realidade de um namoro de carne e osso, com todos os prós e contras que isso pode trazer. Caso contrário, é melhor comer um x-burguer. É melhor fazer qualquer outra coisa que não seja tentar viver com alguém. Se nossa própria companhia já nos entedia vez ou outra, é preciso coragem pra enfrentar o amargo e o doce que existe em toda união.By M.C
“Eu te amo.” É isso que deseja ouvir? Então repito: “Eu te amo!” Está contente agora? Se quiser eu grito na frente de todo o pessoal do escritório, quer? “EU TE AMO!” Mais alto? “EU TE AMO, PORRA!”
É isso que espera de mim? Um homem incapaz de desligar o telefone sem dizer “Eu também te amo”.  Acha que amar é isso? Pensa que não há prova de amor maior do que essas míseras palavrinhas repetidas até a exaustão de sentido? Desculpe a demasiada sinceridade, mas você precisa prestar mais atenção nos meus atos, perceber que me calo só para respeitar sua ânsia de falar, reparar que meus olhos estão sempre focados nas curvas do seu corpo, enxergar o quanto eu sofro quando você chora e notar a força que faço para segurar as lágrimas enquanto você sente dor.
Você precisa parar de perder tempo esperando por declarações de amor Hollywoodianas e aí então começará a entender as inúmeras ações simples que demonstram o quanto eu sou completamente maluco por você.
Só assim valorizará a paciência que tive quando você estava totalmente possuída pelo espírito maligno da TPM e injustamente me acusou de ser a causa de todos os problemas existentes na humanidade.
Para saber o que realmente sinto, você precisa relembrar dos dias que me pintei de palhaço só para tentar te alegrar, enquanto todo o mundo parecia não ter a menor graça – mesmo não sendo comediante, tomei muitas tortadas na cara pra conseguir uma gargalhada sua. Será que não percebe?
Você precisa saber que visto o avental de cozinheiro só pelo imenso prazer de te ver sorrindo satisfeita. Torço calado para acertar de novo o prato do risoto que aprendi a fazer somente para te agradar. Eu não gosto de cozinhar. Quando estou sozinho em casa, prefiro comer comida velha ou pedir pizza, mas só por você meto a mão na massa, na farinha e até  no fogo se precisar.

Você precisa entender que só por você eu tenho forças para enfrentar meus medos, para então ser capaz de manter minha mão firme, controlar meus tremores e com isso, te transmitir a coragem necessária para que você possa atravessar as mais violentas turbulências.
Eu carrego as suas malas, sinto no meu peito as suas dores, dirijo de madrugada enquanto dorme tranquila e sonha no banco de passageiros, espero horas até você decidir seu vestido, no restaurante te dou meu prato quando não gosta do seu, enfim, faço tudo isso para perceber o quanto eu te amo, mesmo quando eu não digo nada.
Por isso minha ilustre leitora, se você é uma daquelas mulheres que não desliga o telefone enquanto não ouve o famoso “eu te amo”, informo que você está totalmente vulnerável as mais simples técnicas de manipulação verbal, pois qualquer canalha com barba por fazer, robô programado para fingir e papagaio treinado para repetir, poderá facilmente desferir essas palavrinhas mágicas e potencialmente afrouxadoras de sutiãs. Quer saber mesmo o que eu acho? O “eu te amo” é mera formalidade, é apenas uma expressão opcional e até dispensável em um relacionamento no qual o amor é verdadeiramente provado através da compreensão, do compartilhamento e até do silêncio.
Talvez o segredo esteja mesmo em não procurar homens capazes de dizer “eu te amo” em várias línguas, mas buscar os machos que consigam dizer essa mesma expressão sem precisar abrir a boca.By R.C
Só não entendo uma coisa: como é que tem tanta gente chorando e mendigando a presença de uma só pessoa, enquanto o mundo está repleto de tantas outras? Superlotado de bundas, mamilos, saias, pernas e porque não nobres corações? Você realmente acha que essa pessoa, que não lhe quer mais, é a melhor do mundo? A mais interessante? A única? Vou repetir: estima-se que o planeta Terra hoje possui aproximadamente sete bilhões de habitantes.
Então, dá próxima vez em que sofrer ou brigar por alguém que não vale a pena ou que não está nem aí para você, faça as contas. Verá que existem muitas outras possibilidades deliciosas por aí e provavelmente não verá mais motivos para desperdiçar lágrimas e continuar economizando tantos sorrisos.By R.C

terça-feira, 24 de julho de 2012

Eu já cansei de dizer que não sirvo para relacionamentos contemporâneos. Não sirvo pra essa forma de amor que inventaram no século da pressa. Quem sabe há décadas atrás, onde não existia esse imediatismo nem esse descontrole emocional que balançam todas as relações que as pessoas tentam estabelecer. Mas tem tanta gente bem no mundo. Talvez seja uma questão de ponto de vista. Ponto final e vista fechada para qualquer tipo de relacionamento que eu tente.
As pessoas andam muito exigentes. Não adianta mais dar uma flor, mostrar que gosta, responder mensagens na hora exata de sua chegada. Hoje em dia a gente tem que prometer que vai ser a pessoa da vida de alguém. E não me peça pra fazer promessas que não dependem de mim para serem cumpridas. Eu gostava mais da época em que tudo fluía naturalmente. Meninos envergonhados e meninas que sabiam disfarçar muito bem o que queriam. O primeiro passo sempre meio desengonçado, sempre meio tímido. Até o mais corajoso dos guerreiros já tremeu enquanto caminhava em direção a sua suposta amada. Meninas sempre meio charmosas, sempre meio receosas. Um sorriso na boca quando recebiam um elogio e ouviam “psiu, sabia que eu gosto de você?”.
Vai ver é por isso que eu me apaixono toda vez que passo pela rua do comércio e observo as lojas que falam de amor. Não são cafés com casais nem livrarias com os últimos lançamentos de romances internacionais. Não, são vitrines transparentes que mostram mais o nosso reflexo do que um espelho qualquer. E das vitrines dá pra ver alguns rostos um pouco petrificados (talvez assustados pela forma com que se dão os relacionamentos de agora). Eles resolveram parar no tempo e eu paro todos os dias em frente a uma loja charmosa no canto esquerdo da travessa. Tem as portas vermelhas e adornadas com ouro e tem um banco bem à frente da sua vitrine principal. O curioso dessa loja é que ela tem uma menina na vitrine. Nem duas, nem quarenta, só uma menina bonita com movimentos congelados mesmo.
Eu gosto mais da menina da vitrine, sabe? Ela fica ali parada, servindo de modelo, um exemplo para quem passa na rua. Indefesa, ingênua, um tanto quanto caricatural. É uma moça bonita, não se pode negar. Se mostra um pouco frágil, com uma expressão de quem sorri e de quem chora. Expressão nenhuma que me parece mais viva do que muitas expressões por aí.  Vive esperando alguma coisa. Não sei se me espera ou espera outro. Não sei nem se ela espera alguém realmente. Costumam dizer que a menina da vitrine vai ficar ali pra sempre. Sempre trocando de roupas, de maquiagem, de sapatos caros e de adereços. Mas ela vai ficar sempre na mesma posição esperando alguém chegar para tirá-la dali. Ou, quem sabe, um dia ela desista e resolva cair aos pedaços. E depois disso, ela é guardada numa caixa lacrada e entrega sua esperança a uma nova menina da vitrine que virá em seu lugar.
Eu acho que a menina da vitrine é mais esperta que todos nós. Ela não espera, não quer ser resgatada, não quer um amor desesperadamente. Ela só observa. Observa as pessoas que passam por ela, observa seus reflexos e as expressões que fazem quando a veem e analisa cada gesto de um possível candidato a tirá-la dali. A maioria dos que passam querem apenas despi-la, levar sua roupa embora e deixá-la plantada numa esquina sem dignidade nem final feliz pra contar. Não, ela é esperta sim. Ela observa e vive todos os reflexos de formas diferentes. Acho que ninguém a impressionou tanto a ponto de fazê-la ter vontade de levantar de novo e sair andando por aí. Descongelar seus movimentos e voltar pro jogo. E a gente se parece nesse sentido. Nem eu, nem ela servimos para relacionamentos contemporâneos. Mais do que desacreditados, somos também muito exigentes para os padrões atuais. A gente quer mais que promessas vazias ou sonhos românticos. A gente quer pessoas de verdade, mesmo que elas estejam expostas em vitrines que ninguém vê.By D.B
Me mandam repetir aquele mantra antigo do "você vai achar alguém que valha a pena" todos os dias antes de dormir. E meus amigos me dizem que estar despreparado e não esperar nada é dar sinal verde pra tal pessoa dos meus sonhos chegar. Me f...alam que vai ser na fila do pão ou em qualquer outro lugar que eu vou encontrar o amor da minha vida.

Quem disse que eu quero alguém que valha a pena ou a pessoa dos meus sonhos ou o amor da minha vida ?

Quero alguém de carne e osso que vai me acrescentar algo, seja por um longo tempo ou por um período simples. Seja por uma estadia de janelas abertas ou de portas fechadas. Eu não quero alguém que vá descarrilar meu trem, nem abalar o meu mundo como dizem por aí. Esse é o problema: as pessoas exigem muito de um mundo que mudou. E, muitas vezes, a pessoa dos seus sonhos foi feita pra ficar lá mesmo, enquanto você dorme, num mundo de imaginação e fantasia. Aqui fora é mundo real, é coisa séria. Quero alguém que conviva comigo e aceite minhas manias e discuta meus defeitos. Quero alguém que me mude pra melhor e que me dê uns conselhos legais. Não sou desses que quer continuar a mesma coisa e que se dane quem estiver comigo. Tem que aceitar meus princípios, mesmo aqueles errados, claro. Mas se valer a pena e for melhor, eu mudo algumas coisas de bom grado e me sinto até melhor. Quero alguém que entenda esse meu gosto por leitura nada culto e saiba rir das comédias pastelão que eu vejo de vez em quando. Alguém pra me dizer que roupa usar e que vermelho e verde não combinam. Quero alguém de verdade pra tomar um banho gostoso depois do sexo. Alguém que me xingue, me arranhe, jogue videogame comigo e saia sábado à noite com meus amigos pra se divertir.

Não quero achar alguém pra vida inteira. Isso é chato! Eu quero alguém pra dividir um cobertor, umas situações engraçadas, um café e cinema de vez em quando. Quero alguém de verdade pra contar um pouco de mim e conhecer melhor. E se não for pra ser assim, que não venha ninguém. Porque eu não acredito em amores de literatura. By D.B
Dessa vez não tem “meu bem”, “meu amor”, “meu anjo” ou nenhuma dessas expressões de ternura que eu sempre usei com você. É mais um daqueles meus desabafos de quem está cansada de esperar e ouvir promessas vazias (ou até algumas cumpridas). Na verdade, não é bem cansaço, é constatação. Sei lá, chega uma hora que a gente tem que tomar umas decisões e jogar fora ou invalidar velhas escolhas. Dessa vez a minha escolha recai sobre você.

É tão difícil assim entender que eu não vejo mais por que eu me apaixonei por esse cara de 1,80m que sempre me chamou de “minha pra sempre”? A gente cresce, tenta, sofre, sorri e cansa. Eu simplesmente cansei. Mas era um risco a se correr com toda essa coisa de eu dar mais valor a mim mesma do que aos outros. Não é egoísmo, não. É independência. E você esteve do meu lado até que começaram as brigas e a gente desandou. Normal, isso acontece com todo mundo, inclusive com a gente. E chegou num ponto em que remendo nenhum salvaria a gente de um naufrágio. Mas você insiste em me dizer com esses seus olhos azuis insuportavelmente claros que a gente ainda pode dar certo. Entende uma coisa, rapaz: acabou. Eu ainda gosto de você e você sente a minha falta. Mas acabou. Não adianta de nada a gente tentar colocar reticências no lugar de um belo ponto final e guardar tudo o que aconteceu em moleskines velhos engavetados no meu quarto. Eu acho que o melhor é deixar as coisas no passado e lembrar delas como algo bonito que passou. Melhor que ficar tentando requentá-las no microondas e sofrer o desgaste iminente.
O sexo era bom, você sabia onde tocar e a gente se divertia horrores. Eu sei que a gente se conheceu lá pelos meus 16 anos quando eu era uma rebelde incurável do ensino médio. E depois teve aquela nossa viagem pra Inglaterra onde todo mundo queria te deixar sozinho no quarto do Hotel porque você era meio estranho e tímido demais pra enlouquecer com a gente e com as drogas da estação. Mas já te disse que só usei uma ou vinte vezes aqueles velhos baseados que a nossa turminha costumava gostar. A nossa primeira vez foi exatamente naquele dia em que eu voltei correndo na chuva pra buscar a minha bolsa e você me esperou na esquina, me puxou pela mão, me jogou dentro do carro e levantou o meu vestido vermelho (e eu me lembro que a cor do seu rosto era da mesma cor do meu vestido). Mas viu? Passado é passado e a gente tem que desalojar o outro da nossa vida. Eu vou buscar minhas coisas na segunda-feira, você pode assistir ao jogo lá em casa. Eu não ligo. Só não quero mais ter que dividir a chave com um estranho.
E daí você me pergunta por que você se tornou um estranho da noite pro dia? E eu te digo que não estou falando de você. Estou falando da estranha que eu me tornei. Essa mulher de fibra, reconhecida pelos seus diplomas e pelo seu péssimo gosto pra restaurantes italianos, que se guardou numa redoma de vidro e decidiu viver um mundo de fantasias que éramos nós dois. Eu te amei sim. Agora é hora de olhar para frente, comprar umas roupas novas, reclamar da solidão nos dias de chuva e pegar a estrada pra praia nos dias ensolarados. Nós vamos acabar nos tornando amigos. Você sabe disso porque nós sempre fomos assim. Só que eu, maluca, destrambelhada, complexa, bipolar e mais cheia das certezas do que nunca, sei que agora eu quero ser minha, só minha e não de quem quiser.  Agora as coisas vão ser do meu jeito, da forma que eu quiser. Eu posso estar enganada quanto a tudo isso e quanto a nós dois. Eu posso estar sofrendo uma daquelas crises de quando a gente chega aos vinte e tantos anos e não sabe ainda o que quer da vida. Eu posso te ligar amanhã pedindo desculpas por tudo e pedindo pra você voltar correndo e me abraçar no sofá lá de casa.
Só sei que agora eu vou viver à minha maneira. As coisas vão ser do meu jeito louco e insuportável. Do meu jeito leviano e um tanto quanto sério de me cobrar as coisas. Da forma mais tranquila e serena de ver o mundo enquanto um furacão passa pela nossa vida. Não vou te pedir desculpas, não. Porque daqui a algum tempo a gente se encontra. E vai que eu me apaixono de novo por você e por mim mesma? Eu sei que sou doida de pedra. Mas eu sou assim: a mulher da sua vida.By D.B
A graça do amor, então, é que ele não precisa durar para sempre. Ele apenas tem que ser bom, te fazer bem, te acrescentar algo enquanto você está no relacionamento. A vida é feita justamente desses envolvimentos temporários, desses encontros e desencontros que formam a colcha de retalho que somos – sinto que sou formada por um pedacinho de cada pessoa que já cruzou o meu caminho e deixou seu rastro. A beleza está no poder se apaixonar e reapaixonar de novo, e de novo, e de novo (seja pela mesma pessoa ou não). Se o amor tem prazo de validade, se ele dura pra sempre ou não, isso não importa. O sábio Vinícius de Moraes já entendia que não há desmerecimento nenhum só porque um dia o amor pode terminar. O que importa é que ele “seja infinito enquanto dure”.By D.B

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Família é algo complicado demais. Acho que aprendi isso na época que papai e mamãe tiveram o seu primeiro grande desentendimento e ameaçaram se separar. É devastador uma sala de estar que só emite o som da televisão. Pior ainda é uma mesa de almoço, jantar e mágoas que vive cheia do nhoc nhoc dos nossos dentes que não deixam escapar uma única palavra. Era evidente que as coisas estavam desmoronando e eu, com menos de duas décadas de idade, não tinha a menor ideia do que isso significava.

Quando a gente é criança e pensa em separação dos pais, as coisas não são lá muito trágicas. Eu iria morar com mamãe, facilmente. Minha mãe sempre foi muito parecida comigo: louca e carente de uma maneira sem igual. Um ótimo gosto pra moda e comida e um coração meio mole demais (que eu nunca tive). Ela me chamava de egoísta na época e parece que tomou apreço pelo adjetivo. Diz que não sabe a quem puxei com essa mania de deixar tudo entrar num ouvido e sair no outro sem me abalar com a novela mexicana da vida de alguém. Papai era meio durão e meio piadista. Acordava sempre com aquele humor de domingo e chegava sempre do trabalho com aquela cara de segunda-feira. Ele tinha uma determinação que nunca vi em presidente algum. Se pudesse mudar o mundo, ele mudaria. E tenho certeza de que não só eu, mas todos os meus amigos e desconhecidos achariam o mundo um lugar melhor.
Eu só pensava em ter duas casas, dois quartos, ser mais mimado e disputado pelos meus pais. E o meu irmão com certeza ficaria em outra casa que não a minha. Irmão mais novo é sempre um pentelho. Acha que tem a nossa idade, quer tomar posse dos nossos amigos e seguir a gente feito GPS localizador pra todas as festinhas badaladas. O meu irmão não ficava atrás nessa generalização não. Apesar disso, a gente se dava muito bem nos intervalos de tempo entre as brigas e discussões. Era a vida que eu queria, mas sem aquele silêncio constrangedor de todos os dias. Papai e mamãe mal se olhavam e quando iam me dar um beijo de boa noite, eu conseguia ouvir a porta se fechando e cada um indo dormir num lugar da casa. Até que um dia desses, papai disse que amava mamãe e ela não respondeu. Foi o fim pra mim.
A minha criação nunca permitiu essa coisa de não corresponder sentimentos se eles fossem verdadeiros. Eu não entendia essa etiqueta dos adultos de ignorar solenemente uma vida inteira por conta de alguma mágoa. Hoje em dia eu até entendo isso: um único peso pode destruir todas as medidas que foram construídas por uma vida. E papai e mamãe sentiam aquele peso. Papai tinha cara de arrependimento e olhos de panda. Mamãe tinha cara de desolação e lágrimas nos olhos. As minhas aulas de ética e religião na escola me pediam pra não enfiar Deus no meio de tudo isso. Mas eu era uma criança descobrindo o mundo – com meus pais descobrindo o ódio e todas essas palavras que existem num relacionamento. Então eu rezava. Toda noite eu rezava pra não ter que escolher entre uma casa e uma despedida. As minhas boas maneiras não foram criadas no silêncio da casa. Eu sempre fui repreendido por fazer barulho nas horas erradas e por falar alto demais na mesa. E eu repreendia meus pais pelo contrário. O silêncio fere o amor.
Chegou num nível em que fazer algum tipo de barulho era como uma súplica para não morrer em meio a esse deserto de palavras. Papai saiu de casa no dia do meu aniversário. Me deu de presente uma mala – para carregar as coisas pro meu quarto novo, disse ele. Mamãe me deu um escapulário e me pediu para não perder fé na humanidade. E eu vi se formarem dois pólos na minha frente: norte e sul. E a distância entre eles era tão grande que eu não sabia o que fazer para não perdê-los de vista. Papai me disse que meu irmão moraria com mamãe e que eu moraria com ele. Mas eu não escolhi assim. Não pedi para morar com papai. Eu nunca quis ter que escolher entre os dois de verdade.
Papai pegou minha mala e esperou na porta de casa. Mamãe benzeu o escapulário e me deu um beijo na testa. E os dois se despediram com um adeus mal dado. E quando eles finalmente ganharam voz, eu me silenciei. By D.B
Parece que foi há tempos atrás. Em uma época que remetia às aventuras dos mais
destemidos heróis da Idade Média e aos romances noir em preto e branco. Aliás, acho que aqueles filmes tinham um quê de mais reais do que os coloridos de hoje em dia. O preto e branco transmitia um sentimento mais verdadeiro. Trágico, profundo, complexo. Tudo preto no branco. Mas não foi há tanto tempo assim. As fotos não me deixam mentir. O teu cheiro na minha camisa não me deixa esquecer. Até as meninas bonitas com milhares de sorrisos movidas a batidas melódicas nas festas me lembram você.
Aquele relógio de pulso que você me deu no meu aniversário não parou. Curioso. Achei que os ponteiros parariam no exato momento em que você dissesse adeus. Nem as estações congelaram, nem a gravidade cedeu, nem a programação ridícula da Tv aberta fez concessão ao meu sentimento. Estático, sem reação, sem saber o que fazer da vida estou eu. Porque na verdade ninguém se importa. Ninguém sabe mais que eu o que eu estou sentindo. Sabe, você foi a mais bela esperança que eu já tive em meus braços. Você foi, para mim, a resposta de que vale a pena amar alguém tão diferente de você. Você foi. E não volta mais.
Eu nem me dei o trabalho de empacotar as coisas, de retirar tudo o que é seu da minha vida. Eu tentei reagir da melhor maneira possível. Funcionou um pouco, sabia? Mas é que toda vez que eu fico em silêncio, meu coração dispara. Toda vez que eu fecho os olhos, a única imagem que me aparece é você. Eu vou sentir a sua falta. Isso eu nem preciso frisar. As minhas palavras caem no papel com o peso de um milhão de silêncios. Crueldade é que a gente está conectado de todas as formas possíveis, com exceção da única forma que me faria feliz agora. Sabe, eu ouvi dizer por aí que você desatou o nosso nó. Ouvi dizer por aí que eu me perdi e não consegui voltar. Ouvi dizer por aí que a gente se enganou. De verdade? Transformo tudo em pequenos grãos de areia que são tão irrelevantes perto da grandiosidade do que a gente foi.
Esse quarto tá uma bagunça. O pior é que eu tenho plena convicção de que eu corro um grave risco se tentar arrumá-lo. É uma daquelas faxinas que colocam o que restou do amor em caixas, retira as fotografias dos porta-retratos, apaga os bilhetes gravados na parede e todo tipo de coisa. O risco é guardar isso tudo pra nunca mais encontrar. Síndrome de Faxineira, sabe? Eu me encontro nessa bagunça que anda o meu coração. E me pergunto por onde você anda, com quem você tem estado, se é verdade o que você diz por aí. Me pergunto se você também tem tentado esconder tudo por trás da máscara de inconseqüência ou se realmente está tudo bem. Confesso que saber que está tudo bem me parece ultrajante: é como se você nunca tivesse sofrido essa dor de amor. Eu espero que você esteja lembrando. Que você se lembre de mim. Pelo menos que o meu nome não tenha sido apagado da tua agenda com tanta facilidade. Pode até esquecer o nome, mas guarda o endereço, por favor.
Bom, vou continuar então a fazer o que eu estava fazendo. Vou continuar a fazer nada por nada e continuar me sentindo nessa mistura de nada com coisa alguma. Tenho fé nas coisas do mundo, tenho fé no clichê do tempo. E falando em clichês, eu acabo de contrariar um dos grandes clichês da humanidade: homem chora sim.By D.B
Eu sempre admirei muito aquelas gurias que davam foras diretos, do tipo que você não teria mais dúvidas do que elas sentem por você. Mas, como sortudo que sou, sempre me deparei com o tipo de guria que resolvia exaltar a pior qualidade que eu tinha em meus tempos infanto-juvenis: ser um cara legal.
“Caras legais” é a raça poodle pra toda mulher. É o cara que vai ajudá-la naquela prova de álgebra linear em que ela não sabe nem somar, vai levá-la pra ver aquele filme que ninguém quis ver com ela, vai fingir que gosta de ouvir o que ela fala só porque está interessado ou, na pior das hipóteses, porque gosta dela. No final das contas, ela vai passar a mão na cabeça, deixar de lado e partir pra outra.
Parece equivocado o que eu estou dizendo, que é lógico que não é bem assim, afinal de contas, que mulher recusaria aquele cara que faz tão bem à ela desta forma? A minha resposta é: todas. Todas as mulheres vêem na espécie de cara legal um tipo de porto seguro. E nenhum porto seguro serve como primeira opção de embarque de alguém. Uma mulher necessita daquela movimentação num relacionamento, seja por necessidade de emoção, por fuga, por querer se sentir em perigo ou por puro capricho. A verdade é que ninguém quer se ancorar naquela categoria estereotipada como certinho, como previsível, como perfeito demais pra ela.
E é por isso que a maioria das gurias acaba se apaixonando por aquele sujeito todo errado da vida. Porque ele oferece exatamente o que ela precisa, em tese, num relacionamento: a sensação de imprevisibilidade. Mas, enquanto está explicado o lado feminino da questão, o “cara legal” fica parado com cara de babaca enquanto a guria dispara para ele todos os adjetivos que ela tem a seu respeito. “Mas você é especial demais para mim, eu não quero ter nada com você pra não estragar isso.” “Mas você é foda, você é perfeito pra mim, não quero que seja assim…”
E por aí, o “cara legal” se desaponta e se questiona o porquê de ser legal. Ele se questiona se há algo de errado em querer alguém bem, em não pensar em ter algo com ela e nunca mais dar as caras ou fingir que não a conhece. O grande problema da frustração do “cara legal” é que a guria deixa uma espécie de expectativa. E eu juro que vejo que algumas delas não fazem por mal. Mas sabe aquela história que eu contei sobre ele ser um porto seguro? Então, é bem isso. Se nada der certo, ela se ancora nele antes que a tempestade faça o barco naufragar. Se nada der certo, ele é o contentamento dela com uma situação que ela não pôde mudar. Se nada der certo, ele é seu plano Z.
E não as culpo por ter essa visão do “cara legal” como raça menosprezada. Não mesmo. Só acho engraçado esse longo ciclo vicioso. Porque o “cara legal”, caso resolva atender às necessidades dela se tornando um grande filho da puta, acaba por sair da categoria poodle e chega à categoria Rottweiler: perigoso demais e babaca demais pra ela. Ele se torna exatamente o oposto do que ela queria. E o guri continua achando que o problema era com ele… Coitado de quem for pagar a conta do analista mais tarde.
A grande moral da história é que aquela máxima do clichê “Não trate como prioridade quem te trata como opção” representa um grande beco sem saída pro poodleman.  Enquanto ele fica naquela dicotomia entre não saber o que fazer e não querer perder tudo de uma vez, a guria brinca de passear com ele no bosque e depois sair pra se exibir com o Pastor Alemão do vizinho. E ela só vai saber que o cachorrinho que a acompanhava fielmente era quem realmente importava no momento em que o barco naufragar e o porto seguro não for mais seu.By D.B
Casal feliz decide se encontrar para tomar um café na nova Starbucks da cidade. Ele manda um SMS pro iPhone dela e ela responde com uma DM no Twitter. Eles se encontram, como sempre se encontraram nesses 5 anos de namoro. Ele pede um café gelado com chocolate, ela pede a conta final do relacionamento deles. Ele não entende o porquê daquilo ter acontecido tão repentinamente, ela nega qualquer mudança, diz que foi por vontade própria.
Imagine a cena. Agora, imagine os próximos meses desse guri. Existem duas formas de ele estar encarando a situação. A primeira, pensada como solução indolor e quase desumana, é estar ignorando o rompimento e ter partido pra outra sem remorsos – Isso significa que ele está saindo com todas as modelos de Los Angeles e bebendo Whisky no café da manhã. A segunda forma, a que nos interessa, é ele estar passando por aquela famosa fase de luto romântico.
O luto romântico se caracteriza pela total incapacidade de uma pessoa em se relacionar com outras, visto que ele ainda pensa na ex – considerada o grande amor da vida dela – de todas as formas possíveis. O luto pode se dar pelo fato de um rompimento inesperado, de uma morte, de uma viagem que interrompe o romance. A grande questão aqui é como se dá essa relação de luto na sua vida.
Caro amigo, se você nunca passou por uma situação de achar que nunca encontraria alguém igual àquela norueguesa que contava de 1 a 100 em dez segundos enquanto tomava champanhe só pra te fazer rir, atire a primeira pedra. Tudo bem, isso é perfeitamente compreensível. Neste momento, estamos fragilizados, sem perspectivas de futuros relacionamentos, pensando em tudo o que fizemos para não dar certo, nos agarrando às possibilidades que restaram, muitas vezes bastante remotas.
Por mais que nossos amigos queiram nos ajudar, nos levar a festas, nos mostrar filmes e músicas animadas, nos contar piadas sobre pingüins, entre outros, não vai adiantar muita coisa. Por quê? “Eu estou quase morrendo porque perdi o amor da minha vida”. Não. Porque você está se utilizando de um mecanismo muito recorrente de piedade e conservação chamado “auto-sabotagem”. Essa forma de encarar o fim de um relacionamento é muito mais comum do que se pode imaginar. Você acha que ninguém vai te fazer feliz como ela fez, ninguém vai te chamar de Buzz Lightyear com tanto carinho como ela chamava, ninguém vai te ligar pra lembrar-te de pagar as contas do mês. Você está se agarrando apenas às coisas boas e bastante utópicas que existia naquela relação. Você afasta pessoas que poderiam ser bem melhores para você ou poderiam acertar onde houve aquele erro. Mas não, cego e teimoso, você rejeita todas as novas opções que o acaso te dá. E isso, meu amigo, é burrice.
A lição que fica disso vem de um dos dramalhões românticos mais conhecidos da atualidade. “P.S Eu te amo” não é só uma história triste com uma cena de funeral que revolucionou a forma como quero ser enterrado, mas também é um grande exemplo de como devemos seguir em frente, mesmo que devagar.  A superação, neste filme, só veio depois de uma longa crise seguida de aceitação. A fossa amorosa, à primeira vista, parece linda com todas aquelas coisas de ouvir Adele até a morte e mandar SMS bêbado para a ex numa festa mexicana. Mas, na verdade, ela impede que vejamos como o mundo é bem maior que um fim de relacionamento.
Precisamos de tempo para nos adaptar, é claro. Mas precisamos aceitar a situação que passamos, reconhecer os erros e acertos, tentar nos renovar a partir disso. E nada disso acontece se a gente não aceitar que acabou. O luto em si, é necessário para avaliarmos tudo isso. Sou defensor extremo desse período. Mas a extensão dele passa a ser egoísta. E com tantos obstáculos naturais que a gente já encontra por aí, impor mais um – nós mesmos – é como se admitíssemos que, realmente, não fomos feitos para dar certo.By D.B
A sua melhor metade não respeitas linhas. Pula cordas, desvia de cercas e brinca de subir em árvores para estar com você. Ela não é uma das metades comuns que você encontra pela vida, nem uma das metades que você já esbarrou por aí. Ela é sua, e não de outra pessoa qualquer. A sua melhor metade não te completa, mas te faz companhia. Ela é melhor que uma metade só porque é um inteiro. E se doa por inteiro pra ser mais que um só com você. A sua melhor metade é bonita sem espelho e reflete em você de forma que nenhum deles pode ver. Ela é passageira ou fica pra sempre. Ela já veio ou ainda vai vir ou pode ter ido embora. Mas não adianta que escrevam canções e escrevam roteiros e escrevam histórias e escrevam destino e se esqueçam dos pontos e se esqueçam das vírgulas e se esqueçam de tudo: a sua melhor metade continua sendo sua.

A sua melhor metade sabe andar de bicicleta e segura o banco pra você não cair. Ela atravessa a rua ajudando velhinhos e te deixa admirado do outro lado com a bondade. Ela sabe ser gentil com o garçom por natureza e não vai traçar planos e fundos para te impressionar. A sua melhor metade falha e pede desculpas. Ela se fere e se machuca e se perdoa e te perdoa e fala coisas da boca pra fora e bate a porta e vai embora e volta arrependida. Mas é só sua quando olha bem fundo nos seus olhos e começa a rir, porque ela não consegue manter um ar sério perto de você. É que você contagia a sua melhor metade com algum riso, por mais estranho ou alto ou fino ou fora de ritmo ou fora de ordem ou fora de tom que você seja. A sua melhor metade joga ping pong e se veste bem dependendo da ocasião. Ela entra em lojas e faz caretas na vitrine e se acha infantil e te dá colo quando você sente falta de casa. Ela é meio criança, assim como você se nega ser. Ela é teimosa e faz biquinho, independente do sexo, da cor, da religião ou do assunto do momento.

A sua melhor metade canta em grego porque não fala inglês e lê livros que você nunca ouviu falar. Ela coleciona um montão de histórias em quadrinhos e toca o sino da porta da frente pra avisar que chegou. A sua melhor metade é uma surpresa. Porque não sabe quando vem, mas ela vem. E vem com flores ou com vinho ou com rosas ou com aquele vestido-cor-de-mar ou com aquele chapéu engraçado ou vem sem nada e deita com você. Ela é quente e te faz sentir calor no frio e calor em dias de sol. Ela te faz transpirar de alegria, de felicidade, de frio na barriga, de medo de perder, de dor de barriga porque comeu muito bolo de chocolate. Nah…a sua melhor metade é comilona, sim. E você acha graça quando ela se lambuza de chocolate ou faz bigode de café ou suja o nariz de sorvete ou joga creme chantilly no seu rosto ou quando faz a barba de shampoo.
A sua melhor metade não está num conto de fadas, nem num reality show, nem nos tal bares e esquinas e muito menos nessa vida virtual que você leva. Ela tá por aí ou por aqui e não tem nada de encantadora aos olhos dos outros. A sua melhor metade toca flauta e faz um som de vez em quando e você passa direto e parece nem ouvir (mesmo que isso seja dentro de casa). Ela é humana e você se esquece disso às vezes jogando toda a culpa, ou a calma, ou o amor, ou a esperança ou o que quer que seja em cima dela. Mas calma… Não se preocupa. Ela é sua. Tão sua que faz barulho baixinho pra não ter acordar e anda na ponta do pé por aí. Tão sua que fica corada quando você olha de relance e descobre um olhar terno e meio abobado na sua direção. Tão sua que é pura desordem, puro pudor, pura energia  e pura fantasia (igualzinha a você). Ela te faz inteiro e te dá a mão no fim do show, da padaria, da roda de samba, do shopping center e te deixa conduzir a coisa toda. A sua melhor metade gosta de te ver dormindo e dorme junto ou do outro lado do mundo pensando em você. Ela é meio suave e calma, meio nostálgica e todas essas coisas que você já sabe de cor. A sua melhor metade, na verdade, é como essa canção de ninar que você toca toda noite. Boa noite, meu bem.By D.B

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Você não entende o desespero e os tremores que eu tenho tido. Meus remédios controlados estão acabando junto com o nexo que eu ainda tenho ao juntar as palavras. Os rostos da televisão riem e sorriem e choram junto comigo. Mas nenhum deles sente a minha dor. Mesmo a mocinha que perdeu o amado não sente a minha dor. Nem a própria dor consegue sentir a minha dor. Acho que é tudo fingimento dela. Dor, amor. Essas rimas nada raras que a gente encontra por aí em músicas e textos que servem pra gente refletir sobre alguma coisa. Mas o meu desespero não consegue me deixar refletir. Ele me reflete e mostra o meu rosto acabado por cada espelho que eu me vejo. A dor bate na gente e a saudade complementa. Mesmo que eu ainda tivesse meus vinte anos de idade, essa dor transpareceria. Sou transparente até quando eu sofro.

Uma hora você volta. Eu sei que volta. Mesmo que tenha que dar a volta ao mundo e se perder por aqui de novo, você vai me encontrar. Quem sabe eu já não esteja velhinha, caquética e completamente inútil para o amor. Mas eu fui feita assim: a decepções. Não entendo como suportar essa coisa de ter vocês dois longe de mim. Essa coisa de gritar para todo mundo e ninguém poder me ouvir. Pouca gente sabe como a garganta arde e o coração acelera quando eu grito. E o meu grito é forte, cheio de bravura e coragem. Acho que me encontrei no medo da casa vazia e fiz disso abrigo. Me tornei mais do que eu mesma pra cuidar de mim. Sou mãe de novo para cuidar de mim – e só você sabe como dói pronunciar essa palavra sem sentir um corte profundo no peito e um belo tapa na cara marcando os cinco dedos nesse meu rosto branco.
Eu sinto falta daqueles cabelos ruivinhos dele, meu bem. Das sardas e de como os amiguinhos adoravam brincar com ele no jardim. Eu sinto falta do quarto cheio e de me lembrar dos sorrisos dele quando você contava alguma piada boba. Hoje em dia é só falta e mais falta e a falta que a falta faz. É tanta falta que eu já não consigo mais ser inteira. Sou sempre metade e me divido a cada fotografia que eu vejo de nós três. A dor de chamar o meu menino e o grito ecoar pela casa assim como todo outro barulho que projeto aqui dentro. Eu acabei aqui, trancada dentro de mim mesma. Mas você lembra daquele dia, não lembra? Era uma sexta-feira qualquer que ficaria marcada pra sempre na nossa vida. A gente nunca desconfiou de que o passeio da escola fosse acabar assim. Sem retorno. Senão você teria dado um abraço mais forte e um beijo demorado, meu bem. Eu sei. Eu tive tempo de dizer pro meu menino o quanto eu o amava, mas você saiu cedo naquele dia. E logo depois que você chegou, a notícia se fez caos. O mar levou as pintinhas coloridas de vermelho que coloriam a nossa vida. E tudo ficou menos ruivo, menos alegre. Foi o dia do silêncio pra mim. O dia em que eu morri como mãe.
Mas veja bem, já se passou tanto tempo desde que você nunca mais entrou em casa. Acho que você se culpa até hoje por tudo o que aconteceu com ele e com a gente depois. Mas eu te entendo, de verdade. Se ficássemos juntos, lembraríamos dele todos os dias. Seus olhos, meus cabelos. Provavelmente teria a sua barba e o meu gosto aguçado por confusão. E riria como os meus pais. E jantaria como os seus. Mas a nossa decisão foi acertada. Adeus, até logo. Te amo, espero que você fique bem. Não dá mais, você é a cara dele. E fim. Essa pontada do fim ainda martela no meu peito. Mesmo sabendo que seria inútil tentar consertar tudo aquilo depois que o que nos segurava desabou. Não sou triste, meu bem. Eu tenho certeza que uma hora você volta. Nem que seja pra um bom dia, como você está? Nem que seja pra regar as plantas. Você volta e eu volto junto com você. E a gente talvez consiga destrancar de vez aquela porta que nunca mais foi aberta desde aquela sexta-feira.By D.B
Eu tenho uma notícia não muito boa pra te dar. Meu amigo, você foi um grandíssimo filho da puta com ela, pelo o que parece. Não sei muito bem da história, mas sei dela. Sei que ela se escondeu de todo mundo por uns dias e chorou tanto que o rosto ficou inchado e os irmãos mais novos tinham medo de que ela morresse de alguma doença que transforma os outros em zumbis. E ainda tem o fato de que ela nunca soube lidar direito com rejeições amorosas. Ah, a menina é linda e mimada, você esperava o que? Ela é bem do tipinho que esnoba, esnoba e esnoba mais um pouco. Até que aparece um imbecil qualquer e se desinteressa por ela. Esse ponto da história é importante, veja bem: você se desinteressou por ela. Não houve interesse imediato e muito menos falta de interesse. Foi aquela coisa de olhar e pensar “bonitinha, arrumadinha, todo mundo quer, mas e daí”? Mal sabe você como essas gurias têm um faro aguçado para o desinteresse nos dias de hoje, meu amigo. E daí você cruzou a história dela.

Não sei muito bem o que ela pensou na hora. O relato não diz muito sobre isso. Mas eu sei que ela viu alguma coisa em você que lembrava um pouco dos babacas por quem ela já se apaixonou. Meu amigo, você não sabia nada sobre ela, não é mesmo? Aquela guria devia estar na faculdade ainda enquanto você já tocava violão, guitarra e baixo e ouvia um pouco de folk britânico nos finais de semana. Ela devia se preocupar em estudar para alguma prova enquanto você já pensava em como ganhar a vida e pagar o aluguel do seu apartamento. Pode falar a verdade aqui: aquele papinho de que ela era a mulher perfeita pra você era só porque ela te tirava do tédio, não era? Bom, foi o que ela disse. Mas ela limpou o rosto depois do episódio com os irmãos e a coisa toda de zumbis. E olha, parece que até viajou pela Europa pra aproveitar o clichê todo que foi ter que te esquecer.
Cá entre nós: o que você fez pra ela? Ah, sim, seu crime inafiançável foi a insensibilidade. Teu problema foi querer e querer e querer e nunca estar satisfeito com nada. Cruel, hein rapaz. Isso não se faz com mulher nenhuma. E você foi tão idiota em não perceber que foi uma baita sorte encontrar com ela por aí e ela ainda te notar. Agora ela já voltou e disse que não precisa mais de você. E você não deixou nenhuma marca, cicatriz ou sequela. Ela me disse que vai achar um cara legal que queira alguma coisa. Esperança bonita a dessa garota, hein.
E ela não era do tipo pra se conformar, meu amigo. Era do tipo que rendia uma história, dois livros e muitas noites bem vividas. Babaca! Opa, usei a exclamação sem querer. Veja só, ela anda melhor que antes. De infantil a mulher crescida. Nada que uma decepçãozinha não faça. Os pais se espantaram quando a menina mimada decidiu se formar logo e bancou o próprio apartamento. Não se fez de difícil pra vida, não. Levantou, sacudiu a poeira e pegou a liberdade dela. E tem encontrado caras legais e histórias fantásticas por aí. Bem, isso é o que diz essa carta que eu encontrei dentro de um livro na biblioteca. Não conheço a menina, mas pelo o que ela me diz aqui, ela está bem melhor agora. E quem perdeu foi você, meu amigo. Você acaba de descobrir que perdeu a mulher da sua vida.By D.B

quinta-feira, 19 de julho de 2012

É você e vai ser sempre você. Eu já disse isso em outro desses textos meus e não consigo deixar de pensar em como essa frase martela na minha cabeça. Já falei sobre independência e sobre como eu não preciso de você pra nada. Já falei sobre deixar você ir embora e sofrer uma, duas, trinta vezes e mais um pouco toda vez que abrisse a porta e desse de cara com esse seu sorriso de quem ainda tem esperanças de que eu largue esse modo de ser e entenda tudo isso. É você e vai ser sempre você. Mesmo que seja teimosia minha e eu te reinvente a cada dois minutos dizendo pra mim mesmo que você não é nada que eu sempre quis e conte pros outros uma versão diferente de nós dois.

Eu te defendo sempre que meus amigos me dizem que é loucura. Que você me faz mal. Que você me descompleta. Como é que eu vou deixar que falem mal de você na minha frente mesmo que eu esteja te odiando com todas as forças que eu nunca sonhei em ter? Só eu posso reclamar da nossa descontinuação. Só eu posso reclamar dessas invenções de vocabulário que a gente sempre faz tentando expressar isso tudo com palavras que não existem.E por onde você anda? Ouvi dizer que se sentiu perdida, mas também achou melhor não me ter mais por perto. Ouvi dizer que conheceu uma bebida de sabor doce e gostou (apesar de sempre ter odiado sabores doces e amores mais doces ainda). Ouvi dizer que é perda de tempo ficar esse tempo todo pensando sobre como a gente consegue gostar um do outro e cismar em se perder por aí mesmo não tendo problema algum.
Mas a gente se esbarra, eu sei. Um dia a gente se encontra de novo. Seja aqui ou em marte, no céu ou no inferno. Depende da tua religião ou da tua forma de me querer de volta. Um dia eu te provoco mais um pouco e te estrago só mais um pouquinho de um jeito que só eu sei fazer. Um dia a gente se põe lado a lado pra reclamar da vida e acender um cigarro barato pelas ruas dessa cidade. Um dia você esquece o guarda-chuva de novo e eu te dou cobertura, abrigo e um pouco de mim de novo. Um dia desses, quem sabe, a gente não precise se despedir e possa ficar pra sempre nesses nossos joguinhos que só interessam a mim. Vão nos chamar de loucos e desvairados. Mas nós somos jovens, meu bem. É você e vai ser sempre você. E talvez isso não seja tão ruim assim.By D.B
Eu apostei errado. E o que mais dói é reconhecer isso. Não é pela perda do tempo ou do investimento. É pela perda da história toda. Aquele momento em que eu paro e me pergunto se não teria sido melhor se nem tivesse tentado. Me alertaram sobre segundas chances e esse nosso modo requentado de fazer as coisas. Não dei ouvidos a eles e me cansei no exato momento em que disseram que a nossa engrenagem já tinha enferrujado porque passou muito tempo sem funcionar. Fui mais teimoso ainda e tentei mais uma vez. À força. Na marra. Com vontade e empurrões até as coisas voltarem a girar no tranco.

Amor que já passou é meio como aquela camisa velha que a gente ainda guarda com carinho. Não é mais bonita como antes, não cai tão bem quanto antes e também não tem mais tanta utilidade assim. A gente vestiu por algum tempo, deixou que todos nos vissem com ela, passou por bons e maus momentos com ela. E daí ela simplesmente foi tirada da gaveta de cima e colocada no fundo do armário. Mas a gente não descansou. Foram algumas fotos e talvez o sorriso machucado do outro que aparecia de vez em quando. Foram as notícias de que você ia bem, obrigado. Foi saudade e a vontade de ter você aqui de novo. A gente alongou aquele ponto final e forçou um pouco o espaço para fazer caber algumas reticências.
E a camisa velha?  Se a gente ainda tirar do fundo do armário onde ela está escondida, a gente vai se agarrar. Nos agarramos. Maldito conselho. Maldito destino. A gente se baseia o tempo todo no otimismo das segundas e terceiras e quartas chances. Só que chega uma hora que a gente precisa admitir que não dá mais. Que acabou. Que o nosso amor requentado já passou da validade e não serve mais pra ser usado de vez em quando. O algodão da camisa é familiar, o conforto é melhor do que qualquer outro tecido e existem lugares e lembranças embutidos naquela peça de roupa. Deveria jogar fora de uma vez por todas. Mas não sei se eu consigo jogar fora assim. O apego quer que eu continue vestindo essa camisa pelo tempo que ainda puder.
O problema é olhar pra você e dizer que eu vou embora. E te encontrar por aí amanhã com aquele olhar de quem acreditou mais uma vez em nós. Como se eu tivesse feito uma promessa furada. Como se eu não tivesse perdido nada nessa decisão. O problema é pensar que o erro foi duplicado. E dividido por dois. Eu e você na corda bamba das segundas chances cheios de boas intenções. O pior nem é o erro mesmo, a gente sabe. O pior é o acerto que não foi revogado, convocado de volta ao fundo do armário. E agir como dois conhecidos que compartilharam duas vidas. Uma tentativa e um outro fracasso. A dor agora é dor repetida. A sensação que acompanha o empacotamento das caixas mais uma vez.
A gente já viveu isso e repetir parece duplamente doloroso. Se não bastasse o rumo, a gente tinha que perder o jeito? Segundas chances deveriam vir com um aviso de “Cuidado. Frágil!” na caixa de entrega. E deveria ser proibido que nos dessem outras chances além dessas. Nossos contos não foram feitos para serem revividos, nem reinterpretados. Mas amor interrompido tem dessas coisas de remendo. Ficam as sobras, a gente costura. Ficam as sombras, a gente esconde. Fica a falta de novidade e a gente aprende a viver de velhas notícias. Mas amor mesmo é aquele que desperta a gente todo dia. Exige frescor e não suporta repeteco. Dessa outra vez, eles não alteraram o script. Deram uma série conhecida pra gente interpretar. Você conhece as cenas e eu também. Mas a gente não admite que o final esteja ali, tão certo como no roteiro. A gente bateu o pé e tentou mudar o rumo. E ficamos apenas na tentativa.By D.B

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Você já começa sem formato. Tu assume um formato que entra em sintonia com o meu corpo, guria. Essa tua forma meio volúvel que se adequa às minhas curvas e me deixa inebriado com a proximidade e com o peso da tua respiração leve por cima do meu ombro. Mas vai devagar, menina. Eu sinto um gosto e um apreço tremendo por sentir cada pedaço do seu corpo. Até quando você passeia com os dedos pela minha barriga-fora-de-forma e me faz cócegas. Eu me assusto de pronto e você acha graça ao invés de me provocar risadas. É que a gente se ama ao contrário.

A gente não é uma história de amor daquelas “boy meets girl”. Essa, na verdade, não é uma história. Mas tem amor e histeria. Tem um pouco de cólera graciosa e tem a gente. Tem o meu violão, a tua pinta engraçada na coxa esquerda, a minha barba falhada e o jantar que a gente faz junto de vez em quando. Não tem acrobacia na cama porque a gente não precisa disso. A gente já faz malabarismo com os problemas, com as faltas, com o mundo e com coisa demais.
É bacana isso de ver como todo mundo gosta de dizer que homem não se apaixona. Se eu quisesse só sexo contigo, eu não te devoraria. Se eu quisesse só brincar com o teu corpo, eu não faria dele tempo. É, tempo. Porque o meu relógio é o teu movimento enquanto a gente tá junto. Se você deixar, eu fico aqui até completar a eternidade e vai ser um minuto. Ou você pode levantar, me espantar do teu corpo e eu vejo que passou uma hora. Tu quer mesmo que eu me justifique racionalmente e invente desculpas por gostar de você?
Tu é uma dessas mulheres que a gente define como raridade. Teu cabelo é da cor do delas, o teu sorriso também parece com o delas e até alguns outros aspectos são tão comuns. Mas tu tá comigo, meu bem. É no teu peito que eu me encontro quando o mundo desaba. É na tua voz que eu expresso um pequeno esboço de sorriso quando eu olho pro celular. É contigo que o coração acelera e pulsa mais rápido quando alguém diz que te aconteceu alguma coisa. É contigo essa coisa de olhar pro lado e admirar quem tá ali. Porque tu podia ter ido embora e não foi. Porque tu podia ter rejeitado o convite, ter enjoado da vista, ter encontrado gente mais bacana e não foi. Eu sinto isso por você. E isso a gente diz que é o nosso porque amor se esgota. Isso não.
Cê podia ter sido a mulher da minha vida e você escolheu não ser. Cê preferiu ser a minha parceira, a minha amante, o meu monstrinho malcriado que vira uma completa bestinha linda quando vê uma criança na rua. O que a gente tem é coisa de pele e coisa de química. Mas não fica só aí. Essas coisas morrem assim que chega o tédio do Domingo e a gente é obrigado a olhar um para a cara do outro, com ou sem assunto. A gente dá nosso jeito de se encontrar no escuro, de se abraçar na distância, de falar algumas coisas em silêncio. E cê meio que me encanta todo dia quando canta pra mim quando eu sofro da insônia. A tua voz ecoa, sabia? Não por causa da acústica do apartamento, mas é que a tua voz me faz pensar em tudo que o mundo diz que não existe. Tu é minha, guria. Por vontade própria. E é por isso que você é ideal. Sem aquela ideia de perfeição furada. Cê é ideal pra mim e eu nem sei se eu sou pra ti – mas eu não ligo, tô contente e me contento assim.
Mas vai devagar, meu bem. Porque eu posso ficar te respirando aqui o dia inteiro e você não vai cansar, prometo. Deixa o sexo para depois que o que a gente tem agora é mais gostoso. É mais explícito e mais intenso. A gente expõe que a gente gosta. E isso é perigoso pro mundo. Vai ver é por isso que eles nunca tiveram coragem de admitir que homem se apaixona. Vai ver é por isso que eles nunca escreveram uma carta à mulher ideal deles. Mas deixa estar. Eu gosto do perigo que a gente representa pro mundo.By D.B
Sempre tive uma curiosidade absurda pelo tempo e um atrito gigante com relógios. Quando mais novo, vivia aquela ansiedade (quase que diária) de que o tempo passasse logo e eu atingisse lá meus anos de maioridade. Quando a gente é criança, a gente pensa bastante sobre altura e sobre permissões. Ser adulto parece sempre deixar a infância para trás e ganhar credenciais e cartões de acesso. É na infância que a gente quer brincar de ser gente grande porque acha mais divertida a possibilidade de explorar o mundo do alto de pernas compridas.

E o passar do tempo tinha um gosto de conquistas para a gente. Com 12 anos, o primeiro título de “aborrecente” e o uso da caneta esferográfica nos trabalhos de escola. Era a imponência da juventude representada por um instrumento que não permitia mais falhas como os lápis permitiam (e as borrachas apagavam). Era a instrumentalização da condição de gente quase grande. Aos 15 anos, a troca do ensino fundamental pelo ensino médio e os primeiros porres da adolescência. Quando a gente descobre o doce sabor do álcool num vinho vagabundo e a forte dor de cabeça da primeira ressaca. É um passeio pela conquista da imprevisibilidade adolescente e pela rebeldia do contrassenso. Aos 18, finalmente, a maioridade e a dispensa voluntária de casa. A gente vive pra rua e para a vida universitária, como alguns. Outros já engatam o passaporte e a carteira de trabalho e caem no mercado profissional dos ternos e gravatas. E é aí que a gente percebe que o gosto do passar do tempo se tornou injusto.

Aquela necessidade desenfreada da criança em crescer e ver o relógio passando rápido se converte na agonia rotineira de quem precisa que as horas passem para acabar o expediente de trabalho e voltar para o aconchego da casa. As marcas na parede estacionaram em alguma altura boa o suficiente para comportar um corpo adulto e cheio de responsabilidades. Os desenhos na parede agora se tornaram vandalismo, caso tentemos reproduzi-los em algum outro lugar. Os papéis coloridos são faturas de cartões de crédito e contas de luz, água e internet que a gente precisa se virar para pagar. Morar longe de casa tem um gostinho de saudade que sobe na boca sempre que o telefone toca e são os pais com conselhos ultrapassados. E é quando você está numa dessas mudanças de emprego, se despedindo de pessoas e guardando porta-retratos é que cai a ficha: crescer dói.
A gente paga um preço por ter deixado o nosso lado pirralho para trás. Meio amargo, meio salgado. As notas variam entre valores altos e valores nostálgicos. A moeda de troca pela independência, seja ela voluntária ou empurrada, é descobrir que olhar o mundo do alto assusta. E que a queda pode ser brutal e pode machucar assim que a gente chegar no chão. A gente descobre que se acostumou a olhar pro alto e pra frente, mas perdeu o treino do que está por baixo. E não acha mais aquelas primeiras marcas na parede que falavam de infância. A gente descobre que a fixação em ser grande podia ter sido deixada de lado e a gente podia ter aproveitado um pouco mais quando os desenhos animados não falavam em despedidas e em decisões que teriam que mudar a nossa vida. No máximo, eu tinha que escolher entre um canal ou outro. Entre o Batman e o Super Homem. Entre caminhões ou carros velozes. No geral, crescer traz algumas boas recompensas que justificam as perdas e o coração apertado por ter que encarar o mundo aqui do alto. Ser pequeno tinha suas restrições, mas não doía. Crescer dói. E parece que cada centímetro a mais que o tempo empurra traz essa sensação de coração apertado. Porque pedir aconchego, quando se é grande, é considerado piegas. Porque pedir pra dormir na cama dos pais, quando se ocupa metade dela, é estranho. E mesmo com a certeza de que o caminho valeu a pena, eu fui dormir sozinho com o coração apertado e com a conclusão saudosista: crescer dói, sim. Mas a gente vai tratando os machucados e olhando sempre pro relógio, fingindo que é só de vez em quando que a gente espera que ele pare de avançar e dê meia volta.By D.B
Você já deve estar cansado de saber que mulher nenhuma suporta um romântico incurável extremamente meloso ao lado. Só de pensar num cara que chore em todas as cenas de uma comédia romântica, ela mesma decide escolher um filme de ação para ouvir explosões a ter que ouvir o cara lacrimejando na cadeira ao lado. Pior que isso é quando o amigo sentimentalista insiste em discursar que a ama pelos quatro cantos e pede que ela diga de duas em duas horas que o ama também. Esse tipo de homem, o famoso Super Bonder Romântico, é alguém que passa perto do poodleman e leva à risca a ideia de que puxar uma cadeira e abrir a porta do carro são regras de convivência. O problema é que ele excede o manual e acaba extrapolando.

É aí que você pensa, então, em se tornar um cafajeste. Daqueles que não ligam e pagam drinks e esse blá,blá,blá todo que a gente tá cansado de ouvir. Vai dizer que “bonzinho só se fode”, se afundar no clichê e ligar pra aquele amigo putão que pega todas as gurias da balada e se diz um solteiro convicto, quando na verdade, ainda mora com a mãe depois dos 20 e poucos e paga o cigarro com a mesada que ganha dela. Até que a tática funciona um pouco e você deve conseguir se manter por umas 5 ou 6 horas. Daí você vai desenvolver um papo viciado que se repete o tempo todo e nenhuma delas vai conseguir aguentar por muito tempo. O problema é que o pseudo-cafajeste excede o personagem e acaba ficando vazio se não vestir a capa.

Nós, homens, temos a péssima mania do extremismo. A gente não entende que é preciso dosar os dois lados e, mais importante ainda, agir naturalmente e com espontaneidade. Ela não quer que você chore o tempo todo, que transforme a casa dela em uma floricultura ou num abrigo para cães e muito menos que seja do tipo que pede desculpas por tudo. Ela não quer que você abra mão de tudo o que está fazendo para ficar trocando mensagens de celular durante todo o dia com ela e nem que você escreva poesias e canções durante todos os finais de semana. Sexo não precisa ser sempre a luz de velas com pétalas pelo chão, amigo. Esse mundo imaginário de que o romântico é chato e grudento e o cafajeste é vazio e efêmero é que estragam as suas oportunidades de ser você. Se você força uma postura ou outra, você está sendo extremista e caindo na ideia de que mulher possui um tipo de personalidade emocional que a atrai mais. Amigo, se nem ela sabe decidir com que roupa vai pra uma festa, você realmente acha que ela vai ter apenas um tipo definido como preferencial? Se você tem afinidade com uma postura ou outra, bacana. É preciso dosar a mão no que você faz. Não precisa perder a tua espontaneidade, nem deixar de fazer o que gosta. Mas é que pra ser romântico, você não precisa ser um frouxo emocionalmente dependente da sua namorada ou algo do tipo.
Às vezes, ela quer um tapa ao invés de carinho. Ela quer que você deixe a cadeira pra lá e empregue seu esforço em puxá-la para a cama ou empurrá-la contra a parede. Ela quer um ogro que pode ser doce quando quiser, mas que o suor dele seja salgado quando ele estiver junto dela. Ela quer que você seja firme e viril e vai te deixar desabar quando quiser. Você pode trocar a postura sentimentalista pela postura de um garoto e ela vai entender normalmente quando aquele filme te deixar com a voz embargada e os olhos marejados. E vai achar isso bastante bonito até. Sabe quando o Shrek sai para salvar a Fiona? Ela quer exatamente isso. Que você seja um ogro, mas que se mostre vulnerável de vez em quando. Se você for a dama sentimental na torre, ela vai ter que se salvar sozinha. E o mesmo vale para quem assume a postura de ogro do pântano.By D.B
Família tem esse sabor de almoço de domingo. Não importa o lugar do mundo em que você esteja, você sempre vai sentir um sabor de reunião quando passar do meio dia em um domingo. É que a gente se acostumou a levar na ponta da língua as experiências que a gente teve quando era mais novo. Família também tem a cara do seu guarda-roupa e da sua escrivaninha. O seu pai deve ter te ensinado a gostar de camisas gola polo e daquele tipo de madeira. E a sua mãe deve ter te ensinado a separar as roupas de frio das roupas de usar em casa, coisa que você nunca respeitou até ir morar sozinho e descobrir a praticidade que essa organização representa. Família tem sabor de saudade quando a gente tá longe. Mas tem gosto de abraço quando a gente finalmente se vê.

É que sempre que eu volto pro quintal de casa, eu me lembro de como me criei. Família é meio que tudo o que a gente é hoje, sem deixar de ser a gente. É um espelho meio distorcido, embora eles jurem que você se parece com eles mais do que nunca. Acho que é a vingança saborosa da mãe em ver que a gente trata os filhos e os outros da mesma forma que a gente recriminava. Dá pra perceber um sorrisinho de lado e aquele “eu avisei” clássico dela. O mesmo vale pra quando o pai pergunta como vai o trabalho e você diz que tá tudo bem. A conta bancária tá em dia e as contas tão sendo pagas. E você se lembra daqueles conselhos chatos sobre finanças que ele dava nas tardes de sábado quando você jogava vídeo game. A verdade é que eles não influenciaram em muito a sua vida, mas só de ver a satisfação do velho, a gente deixa passar.

Já me perdi contando todas as vezes em que o coração deu aquela apertada aguda quando um deles soltou o “um dia desses eu não vou estar mais aqui…” e fiquei mudo. É que a gente espera que os nossos heróis sejam imortais e durem pra sempre. Ou, pelo menos, que durem o tempo que a gente precisar deles. E esse tempo é o tempo da nossa própria vida. Ou vai me dizer que você não descobriu ainda que os seus pais são os seus melhores amigos? O engraçado é que a gente esconde tanto deles quando é mais novo e liga correndo pra contar da nova promoção no trabalho quando é mais velho. Dá até pra falar de sexo e pedir que eles não contem nada muito íntimo. Afinal de contas, pais continuam sendo pais. Não dá pra pensar em outra coisa sem corar as bochechas.
Família é correr um risco desnecessário caso haja aviso. A gente teima tanto em deixar o casaco em casa e pegar um resfriado que a mãe já até coloca na mochila pra gente não esquecer. A verdade é que a gente esquece de propósito. Era a rebeldia adolescente de quem não entende ainda que lar, um dia, vai virar um lugar longe que a gente visita uma vez por mês. Família é meio que uma caixa viva de memórias que, por mais repetitiva que seja, sempre vai mostrar uma foto nova de um ângulo diferente. É constrangimento e contentamento. É por eles que eu escrevo hoje em dia sobre as coisas que eu acredito. E aposto que você também teve essa influência. É por causa deles que eu tenho as minhas manias de trocar sextas badaladas por um café e um livro, por conta das proibições que eu odiava. É por causa deles que eu aprendi que você deve ir ao cinema sozinho se o filme for triste. E deve sempre buscar companhia para compartilhar as gargalhadas das comédias. É por conta dos “dois velhos experientes que não sabem de nada” que eu aprendi a detestar música clássica. Também foi por conta deles que eu aprendi a atravessar no sinal, fazer tatuagens escondido (e depois sentir vontade de retirá-las) e ajudar velhinhos no trânsito. E, se hoje eu sou meio torto e meio certo, eu devo tudo a eles. Aos meus heróis, um abraço apertado e um “eu te amo” gigante de quem ainda tem muito a aprender sobre a vida.By.D.B
Dá pra ver isso tudo nos dias em que você me pede pra buscar o carro na oficina e eu não atendo o telefone. A sua irritação é visível e você dá o troco quando eu mando alguma mensagem explicando que fiquei preso no trânsito e que não vou chegar pro jantar. Você tira a mesa e coloca a roupa de cama na sala pra indicar que o meu lugar essa noite é ali. E eu desarmo o despertador de propósito. Só de raiva. Você perde o horário e me chama de infantil. A dor nas costas agradece enquanto acordo e tenho que comprar o café na rua porque você saiu atrasada.

Vez ou outra dá pra ver isso quando eu lembro de ser romântico. No caminho de volta pra casa, eu compro umas rosas e chego de surpresa. Você fica corada de um jeito surpreso. E me manda ficar quieto durante a sua novela. E a gente pede pizza pra celebrar o dia comum de hoje. O seu pijama é meio furadinho e a minha calça não tem nem mais o elástico. Mas você me aceita de volta na cama e a gente dispensa o aquecedor essa noite. E na manhã seguinte a gente já começa o nosso jogo de gato e rato. Paga a conta. Deixa as chaves. Almoço com meus pais às 13h. Não vai dar. Você é sempre egoísta e nunca pode. Depois eu dou um jeito. Não precisa, eu vou sozinha. Tchau. Vai logo.

Dá pra ver um pouco disso quando eu peço desculpas ou quando eu te troco pelo futebol nas quartas e nos domingos. Você me bate quando eu digo que vou usar a TV do quarto pro vídeo game. Te faço perder a novela e você revida chorando de ódio. Bate uma culpa e eu sou mesmo meio estúpido como você falou. Vou dormir na sala de novo essa semana, mas dessa vez eu vou por vontade própria. Você vem de madrugada e deita no mesmo sofá que eu. Só que a dor na coluna da manhã seguinte vai ser menos fria desse jeito. Não vai dirigir o meu carro hoje. Você é machista demais. Aniversário dos meus avós no sábado. Não dá, tenho desfile. Você nunca pensa em mim. Depois a gente se fala.
Dá pra perceber de longe quando a sua secretária me atende e me chama pelo seu sobrenome. A gente não tem aliança de ouro nos dedos, mas todo mundo na rua percebe. O cara do café da esquina sempre pergunta sobre você e eu digo que depende do tempo. Você diz que o meu humor é esquentadinho pra menina da depilação. Ela mesma já me chamou pelo apelido quando ligou aqui pra casa. Você mandou a faxineira jogar meus gibis fora e eu bati a porta com muita força. Era a sua TPM e você me chamou de grosso. Mas você é meio estúpida assim como eu digo mesmo. Até aquela sua amiga de escola percebe quando vê a gente uma vez por ano. Minha mãe percebe tanto que já liga direto pra você pra trocar receitas. Embora eu ache que vocês passam a maior do parte reclamando de mim e do espaço que a minha coleção de carrinhos ocupa no quarto. Você me chuta de noite e eu quase caio da cama. É meio egoísta da sua parte dormir com o cobertor todinho pra você. E eu sinto cócegas nos pés, poxa. Não vale brincar assim porque eu vou revidar com cócegas na sua barriga. E daí a gente ri às duas da manhã e tenta parar de rir mesmo com o vizinho do andar de cima mandando a gente calar a boca. Mas até ele deve perceber.
Seria redundante demais ficar jogando com palavras. Então deixa isso pra lá. Dá pra ver de longe que a gente não precisa dizer “eu te amo”.By D.B
O tempo todo se fala de começar e fechar ciclos. O próprio ato de dormir e acordar na manhã seguinte sugere o fechamento de um dia e início do outro. São segundas, terças e quartas que nunca se repetem. São semanas que variam dentro de meses diferentes que transcendem anos. Um dia nunca é igual ao outro e aquela máxima de viver um dia de cada vez parece ser mais natural do que parece. Mas e quando se fala em amor?

Histórias batidas de términos ilustram as televisões e os romances de prateleiras desde que o mundo se entende por gente. Amores épicos e confusos, trágicos e simplórios se estendem pela História da humanidade paralelamente ao desenvolvimento de sociedades antigas e contemporâneas. A gente já aprendeu como se cura uma decepção amorosa das mais diversas e criativas formas. E também ouvimos receitas e mais receitas de como terminar um relacionamento, desde aquele primeiro amor juvenil ao relacionamento à distância que sufocava os dois.
Quando a gente precisa de um tempo pra gente? A ideia é que seja um tempo para colocar as coisas no lugar, aproveitar a solteirice e preparar terreno para quando bater aquela vontade de se doar a alguém. A ideia do tempo em que não estamos nos relacionando deveria servir justamente para isso: não pensar e buscar novos relacionamentos. O estar sozinho passou a ser considerado um crime. É sinal de fracasso e indica falta de algo. Mesmo com a revolução sexual e com as grandes possibilidades de se estar feliz sozinho, muita gente ainda levanta a bandeira da necessidade de ter alguém, ou pior, de buscar alguém. Essa busca desenfreada tira o olhar do “eu” e direciona o olhar para o outro. Pode parecer natural ou um alarde desnecessário, mas a partir do momento em que não aproveitamos e entendemos aquele espaço de reclusão, passamos a nos tornar escravos de uma ação: o ciclo da companhia.
O que a gente nunca deu atenção é sobre o hiato que acontece entre uma despedida e um encontro.

A nossa geração não sabe ficar sozinha. A gente aprendeu desde a criação social do homem que a vida é motivada por relacionamentos. A gente nasce de um relacionamento, cresce e estuda para ter condições financeiras e psicológicas para sustentar um relacionamento e fechar mais um ciclo. Óbvio que as condições estão mudando e que a busca pela independência tem nos tornado um pouco mais individualistas, o que sugere um rompimento desse ciclo vicioso e limitado de vida. Mas ainda assim somos carentes e buscamos companhia constantemente. Esse ciclo se comprova por aquelas frases de “ah, como eu queria estar namorando”. O importante nunca é quem, mas sim o status de estar ou ter. O olhar é tão perdido que valoriza mais o futuro da companhia do que o momento de reclusão, como se você não se bastasse e a busca da felicidade implicasse em achar alguém para trazê-la. Para onde foi o senso de “deixa estar” das pessoas?
A pausa não se antecipa. Ela pede que você se distancie dessa fixação por companhia e aproveite a sua. Aproveite o tempo para entender melhor sobre você e sobre os seus gostos. Aproveitar a sua companhia e desenvolver habilidades e percepções que podem estar acopladas à ideia de felicidade. Meditar, comer besteira, encarar novos projetos e ler um livro de terror que você sempre morreu de medo. Quando a gente precisa de uma pausa, as coisas pedem calma e pedem tempo. E pedem que a atenção seja dada ao “eu” e não ao outro. E pedem um pouco de “deixa pra lá” nos relacionamentos e um pouco mais de entender que a vida pode ir bem além disso. É preparar o terreno sem ter essa intenção e perceber que isso vai melhorar a qualidade dos seus próximos relacionamentos porque melhora você. É como um mantra repetido toda noite de frente pra TV quando você troca de canal. A programação é extensa e filmes possuem gêneros diferentes. Então por que ver a mesma comédia romântica de sempre se você pode escolher um canal diferente que tenha mais a ver com você? E se a programação persistir a mesma, você pode desligar a TV By. D.B
Eu nunca mais vou me envolver com alguém de novo. Cansei de quebrar a cara. Essa frase marca o início de um ciclo e o começo desse clichê que a gente repete na tentativa de se proteger na próxima vez. É mais ou menos como um mantra que já prepara o coração para o que vem: segura a surpresa, manda aquela alegria inicial de ter encontrado alguém bacana embora, dá uns tapas na expectativa e te faz prometer para si mesmo que dessa vez vai ser diferente: dessa vez você não vai se envolver.

Essa frieza é característica de quem já sofreu por amor ou por menos que isso. Mas frieza é uma palavra forte, então digamos que seja uma proteção. Essa proteção é a armadura impenetrável de quem foi convocado para a guerra, mas sofre de apatia. É o brigadeiro de panela quente para quem já queimou a língua. Essa proteção é a hesitação de quem não quer repetir um novo ciclo de descasos e esperanças. Ela funciona de forma radical e direta, porque descarta qualquer um antes mesmo dele chegar a algum lugar.
A formação de defesa de pessoas que optaram por “esconder os sentimentos” e viver na desconfiança é pesada. Os que não se declaram solitários por acidente, acabam pode depositar essa postura em outros. Isso porque sempre calha de aparecer alguém que finalmente “valha a pena” para você e essa pessoa vai ser o alvo de todas as suas inseguranças e negações passadas. A frustração de já ter se arrependido, faz com que você manipule as suas vontades e apare as atitudes. Vez ou outra, isso tudo te faz mais amargo, onde o sabor agridoce vai embora e você não percebe que está exagerando. Na sua cabeça, tudo funciona como um teste para o coitado (ou coitada) que tentar algo com você. É que eles estão vivendo a sua síndrome do “Dessa vez vai ser diferente. Eu não vou me envolver.”

Mas existe uma premissa certa nisso tudo: você vai quebrar a cara de novo. Independente da postura que se assuma, você vai passar por alguma frustração. Seja a frustração de estar sozinho, quando não é isso que se quer ou a frustração de finalmente se abrir de novo e se decepcionar. Parece um tanto quanto pessimista, mas é que você encara o “quebrar a cara” como algo negativo. Só que é uma experiência que faz parte de uma vivência maior. Quebrar a cara ensina, e muito, sobre nós mesmos. Ensina sobre padrões de comportamento que nós podemos cometer e erros que dizemos ser dos outros, mas na verdade nos pertencem. Ensina a aprender mais sobre as nossas expectativas e a forma com que lidamos com elas, além de mostrar que pessoas constituem a nossa vida de forma plena e quais podem ser descartadas quando há decepção. Aliás, isso ensina mesmo se foi decepção ou insistência, quando o problema da vez era com a gente. E ensina mais ainda que o ser humano, por mais burro e teimoso que possa ser, ainda possui a capacidade de amar de novo.
Você vai se encantar de novo e se perguntar se dessa vez vai ser diferente, por mais frio ou receoso que seja. Você vai engolir em seco e fingir que nada mudou, mas vai pensar em baixar a guarda. Essa esperança bonita que motiva e que também nos torna um pouco mais bobos e um pouco mais cegos é o que faz com que relacionamentos não sejam apenas relacionamentos. São situações que engrandecem e servem de auto-análise. E elas dizem muito sobre a gente e o nosso modo de ver o mundo. Revela vontades que a gente nem imaginava ter e devolve uma maturidade que vai sendo lapidada ao longo do jogo, com seus ganhos e perdas. E esfrega na nossa cara que a gente vai quebrar a cara de novo e que vai amar de novo. Por mais “evitáveis” que tenhamos nos tornado, ainda somos apaixonantes e apaixonáveis. E essas defesas que a gente cria, com um pouco de persistência e afeto, acabam caindo por terra. E isso pode ser bom ou pode ser ruim. Mas a gente só vai descobrir se der a cara à tapa. Mesmo que isso signifique quebrá-la depois e se apaixonar logo em seguida. By. D.B
Acordei de manhã com a falta de ressaca e com uma preocupação a mais. Procurei nos classificados por alguma morena, alta com olhos verdes que fala mais do que locutor de jogo de futebol em final da Copa. Procurei por manchetes que denunciavam o desaparecimento de um par de pernas firmes, de um beijo atenuado por lábios macios e de cabelos meio ondulados que combinam com o seu humor variável. Liguei a TV em busca de alguma notícia que localizasse o vestido vermelho, o gosto por música eletrônica e as cores das bebidas que você tomava antes de dizer alguma coisa. Procurei até dentro dos armários para ver se você não teria se escondido. Mas não.

Corre para o jornaleiro! Ele sabe das notícias da cidade antes do sol acordar. Mas não sabe o nome dela e nem o paradeiro. Calma aí! Não fecha o sinal! Deixa eu atravessar a rua e perguntar se aquela moça de costas é ela. Procura no bar uma solução. Invade as portas e pergunta aos caixas, ao gerente, ao espelho do banheiro sobre o reflexo dela. Senta com o músico e faz uma canção! Talvez ela ouça e se lembre de que me deixou aqui sozinho sem sinal nenhum. Vá às ruas e grite! Me chamam de louco e querem me prender. O atentado ao pudor do silêncio é uma afronta aos covardes que não conseguem entender que perdi meu amor na balada de ontem. Eles não têm coragem de subir nos bancos, nem de parar os sinais e perguntar por ela. Eles deixam que ela se vá e dão de costas porque dizem que o destino quis assim. Eles deixam que a história se rompa e não se corrompem na busca. Querem a normalidade dos dias úteis e do horário comercial. Isso é coisa de filme. É o que eles querem que você acredite, rapaz! Eu aposto mais no acaso do que no destino. E estufo o peito contra o descaso.

Perdi o temor na jornada. E os que me olham torto não entendem a adrenalina e a necessidade que tenho de encontrá-la por aí. Não me interessa que ela não seja daqui ou ande por lá. Não me interessa que tenha outro ou que o passado dela seja complicado. Não me interessa se usou o nome errado ou se vai desistir de mim no próximo encontro. É que primeiras chances só são jogadas fora se a gente quiser. E eles jogam. Como jogam lixo nas ruas. Como jogam qualquer palavra no chão. Como jogam promessas para o espaço. E nem se importam com isso. E vocês jogam chances fora por medo de correr atrás. Por medo de conhecer o desconhecido ou ferir o orgulho com o já conhecido. E vocês acabam jogando o coração no lixo e não seguem o ritmo dessa canção…
Mas ela aparece. Uma hora ela aparece e me encontra de novo. E quantos amores vocês já perderam na balada, na jornada, na escada ou em qualquer outro lugar fora das rimas? E quantos filmes foram precisos para vocês decidirem deixar isso tudo pra lá? Hollywood da vida real é bem aqui. Não tem roteiro e muito menos script definido. E, pra mim, também não tem mocinha, vilã nem casal feliz ainda. Mas eu continuo andando, buscando, gritando pela vida real e por outros mundos. Não tenho nome, nem sobrenome, mas tenho esperança. Não tenho foto, nem telefone, mas tenho o recorte de sensações que ela me provocou. E posso usar isso como descrição ou como uma espécie de amor falado. E quanto a eles, deixe que me prendam ou que queiram me parar. Eu continuo buscando. ATENÇÃO: eu perdi meu amor na balada! Será que alguém dessa cidade pode me ajudar?By. D.B