sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nós e nosso Ego!

Nada como contar até dez, respirar e deixar a raiva passar. Dar um tempo pra ver as situações com distanciamento e clareza. Como se fosse do ponto de vista do seu melhor amigo, aquele que dá os melhores conselhos justamente porque a situação não é com ele. 
Reações enfurecidas e passionais ficam sempre tão sem sentido depois que a raiva passa. Acho que isso é ser mais você. É se permitir uma tranqüilidade que desaprendemos se é que um dia a tivemos. É não querer ser dono de ninguém, porque, desista, você nunca será mesmo.                                    Queremos possuir as coisas, porque as pessoas nós nunca possuímos. Ciúme, posse e dependência são apenas nomes diferentes pra disfarçar uma insegurança que é nossa, e que não tem a ver com o fato do Pedro não ter ligado ou a Maria não ter aparecido.                                                                       O indiano Krishnamurti disse que “na verdade ninguém satisfaz ninguém. Nós delimitamos essa possibilidade, por alguma razão pessoal. O amor está além da satisfação. Há amor quando não há exigências, intolerância, cobranças e ciúmes”.                                                                                          Então nem adianta trocar o Fulano pelo Ciclano, vai mudar muito pouco se o problema estiver em você. E também qual a graça de ter um robô do seu lado? Que presta conta de tudo o que faz, de com quem fala e “não faz nada errado” só porque está sendo monitorado e cobrado? Se não há escolha nem liberdade, não há mérito. Bom mesmo é fazer ou deixar de fazer algo por convicção e não porque você está sendo filmado. `                                                                                                                            Alguém já falou que “ética é quando ninguém está vendo”. É isso aí. Ser mais você não tem nada a ver com ser egoísta. Ao contrário, é altruísmo, porque o altruísta quer ser feliz e permite que o outro seja também. Ser mais você é estar de bem com você mesmo e com os outros, sem precisar cobrar desses outros, algo que quem tem que se dar é você. É pegar o leme da própria vida, ser seu próprio capitão, assumir a responsabilidade e a habilidade de dar respostas pela sua felicidade. Não é ser bobo, nem aceitar tudo não… Nada a ver com isso. Até porque quem aceita tudo passivamente está na mesma situação daquele que é autoritário. Os dois relacionam sua felicidade a um outro ou a coisas que estão lá fora: o primeiro aceita ser dominado “pra não perder o que já tem e que é melhor do que nada”, e o segundo quer sempre dominar “pra garantir o que já conseguiu e continuar se dando bem”.             Refiro-me simplesmente a encontrar o seu eixo, a não cobrar demais dos outros nem esperar que um “super-homem venha nos restituir a glória”, como já dizem. Os outros já têm que dar conta dos seus próprios problemas e expectativas. E até o bonitão superpoderoso do Super-Homem tem sua criptonita. O cara muda o sentido de rotação do planeta, pára um trem, salva a humanidade, mas até ele tem seu ponto fraco. Pra que a toda hora se armar até os dentes, sempre pronto pra guerra? Além de cansativo, esse é o nosso erro na grande maioria das vezes: levar tudo a ferro e a fogo, indignando-se por pouco, querendo prestar contas de cada palavra dita, de cada gesto esperado – muitas vezes, nem nos prometeram, nós que viajamos – e não cumprido. Mas é justamente aí, ao exigir nossos “direitos” perante o outro, que cometemos um engano.                                                                                Algumas coisas não podem ser exigidas, porque, vindo dessa forma, perdem grande parte do seu valor. Cobrar amor, reconhecimento, respeito, honestidade? Ninguém tem que lhe dar o que você já tem, e que só basta encontrar dentro de si. Fora que ninguém agüenta a pressão da cobrança por muito tempo. Acho que por isso os começos são tão mágicos, tão encantadores: todo mundo é franco-atirador. Há uma sensação de que não se tem muito a perder, daí pouco se cobra ou se exige. As pessoas, nos começos, são mais leves. Mas depois essas mesmas pessoas começam a achar que são donas – da amiga, do namorado, da esposa, do computador na empresa – e que têm que “cuidar do que é seu”. Na verdade, mais que em cuidar, muitas estão preocupadas em “se apossar do que é seu”. Aí complica. Como diz o texto que se atribui ao escritor argentino Jorge Luís Borges, seja leve. Ponto. 
Se algo insiste em não estar ou ser bom para você, não insista mais...

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