Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.
Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda.
Martha Medeiros
E o que é que eu via nele mesmo???
Via um mundo de paz naquele olhar calmo, sereno mas que tornavam-se tristes no instante de nossa despedida. Em silêncio, apenas olhando em meus olhos, ele me dizia tudo que eu precisa ouvir. Uma única lágrima que rolava em sua face, demonstrava a dimensão de seu sentimento por mim.
As nossas bocas encaixavam-se pefeitamente, num beijo que começava devagar, como uma brincadeira e, aos poucos se intensificava. Que saudade daquela boca... Daqueles olhos... Daquele abraço... Daquele cheiro...
O seu sorriso era puro, transparente, mas totalmente diferentes um do outro. Que eu me lembre eram quatro: quando nos encontrávamos, quando eu fazia alguma gracinha sarcástica, quando ele fazia alguma gracinha sarcástica e quando nos acariciávamos.
Porque era ele que eu queria para mim, em minha vida, na "nossa" casa, na "nossa" cama.
Aquele sotaque paulista era tuuuuuuuudo de engraçado!!! rsrs
Ele sempre tão seguro, cheio de planos me deixava encabulada quando dizia: Mas e você Lindinha, onde quer estar daqui há 4 anos? Qual é a sua meta? E a única resposta concreta que passava pela minha mente era: se você estiver ao meu lado, já vai ser o paraíso.
Ele, acredita nessas coisas de mapa astral, astrologia e eu acho tudo normal.
Inteligente, dedicado, atraente, apaixonante, eclético musicalmente (se amarra em rock pesado, que não é muito minha praia), urbano, comunicativo, organizado, carinhoso, cavalheiro...
Éramos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais, tão cúmplices, tão parceiros.
Não sei o que você está fazendo, com quem está agora, mas de alguma eu gostaria que você soubesse que eu jamais vou te esquecer, independente de qual seja o final da nossa história.
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