terça-feira, 30 de novembro de 2010

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que as pessoas que eu amo sejam sempre amadas, mesmo que distante...
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos...
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo...
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corroi por dentro seja um dia recompensada...
Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável...
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que já fui, a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais...
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer...
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.

E que minhas loucuras sejam sempre perdoadas...
Porque metade de mim é amor e a outra metade...
TAMBÉM!!!!

Oswaldo Montenegro

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