"Venho de uma família de mulheres. O único homem da casa era meu pai. Conseqüentemente, meu universo sempre foi de bonecas, calcinhas, um mundo cor-de-rosa. Na medida em que o tempo passou, o assunto foi mudando para cabeleireiro, cor das unhas, maquiagem. Nossos assuntos giravam em torno de tons de cabelo, brincos e bolsas. No estojo, lápis e canetas tinham cores "femininas".
Então um dia fiquei grávida. Imaginava as muitas roupinhas rosa e lilás, os inúmeros lacinhos que colocaria na menininha que estava do tamanho de um grão de arroz. Com quatro meses de gestação, meu grão de arroz já tinha jeito de gente e resolveu abrir as perninhas e mostrar um pintinho.
Levei um choque. Um menino? Como a gente cria menino? Eu não sei fazer isso, e agora?
Então meu filhote irá crescer mais um pouquinho e meu mundo vai se transformar
De vez em quando vai passar aquela miniatura de ser humano pela sala, de macacão e com um boné virado para trás, segurando a gata pelo rabo e a coitada de cabeça para baixo tentando espernear.
Vai chutar tudo o que é redondo, inclusive bolas da árvore de Natal e as bolinhas de vidro que eu tenho em cima da mesa da sala.
Quando menos eu esperar tudo passará muito rápido. E daí eu terei orgulho em falar que sou Mamãe de um menino”
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