sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Casamento.

- Trás mais uma cerveja.
Grita a voz masculina, deitado no sofá.
Sabe quando vc percebe a merda q fez ao se casar? É em um domingo à tarde quando o seu marido está sentado com a porra da bunda no sofá vendo o jogo q passa na globo e gritando com o juiz, ele te pede mais uma cerveja e alguns salgadinhos enquanto vc limpa toda a casa sozinha...Aí vc para e olha a cena, ele está lá e ñ parece nem um pouco com o cara q te fez ficar totalmente apaixonada, ele parece mais um porco do q um homem p/ falar a vdd, ele grita palavrões com a televisão como se alguém além de vc e a rua pudesse ouvi-lo.
Vcs já ñ dormem mais abraçados e ñ costumam ter muito contato físico, dizem eu te amo como se pedissem a manteiga q está do outro lado da mesa, evitam sair com os amigos pq já estão cansados de fingir q são um casal feliz, ñ conversam sobre muitos assuntos além da prestação do carro q está p/ vencer ou da conta de água q tem q ser paga...
Ele chama ela gritando pelo nome.
- Já vai cacete!
Os apelidos já ñ são mais carinhosos, ele já ñ te dá mais flores, e nem te leva onde vc quer ir, ele diz q já faz demais em pagar algumas contas, vc diz q tbm paga as contas, ele diz q na vdd vc ñ serve pra nada e aí vcs acabam brigados, com ele dormindo no sofá, isso pelo menos 5 dias da semana...
- Demorou hein!
- Dá próxima vez levanta e pega, é bem mais rápido.
- Vc estava na cozinha, ta ficando velha e lerda igual a sua mãe.
- Vc é tão escroto.
Vc se pergunta se a culpa foi sua, mas ñ tem um verdadeiro culpado, o amor virou rotina e então deixou de ser amor, se tornou uma obrigação. Mas quem te obriga a estar daquela maneira? Quem?
- Fica quieta, estou vendo o jogo.
O domingo continua igual e deixa de ser um dia p/ descansar e passa a ser uma tortura.
- Não agüento mais vc!
- Então vá embora. – Ele diz ainda prestando muita atenção no jogo. – Caralho, juiz ladrão!
- É o q eu deveria fazer, vc ñ sobreviveria um dia sem mim!
- Logo terá uma mulher bem mais gostosa e prestativa no seu lugar.
- Com vc desta maneira? Duvido.
- Puta q pariu, toca a bola! – Ele me olha. – Vc ñ está muito melhor querida.
- Vai a merda. – Reviro os olhos, ele ri como se tivesse ganhado a briga.
- Posso ver meu jogo em paz?
Então eu volto pra cozinha, analiso o q ainda falta fazer...Termino meu serviço e vou p/ o quintal, sento no chão e acendo um cigarro. O jogo já acabou e ele está lá babando nas minhas almofadas de liquidação. Pq ñ faço nada p/ essa situação mudar? Pq ñ pego as minhas coisas e vou embora? Pq eu continuo com essa vidinha miserável sendo q eu podia ser muito feliz longe desta casa, longe dele? Pq eu insisto em continuar em um jogo q está praticamente perdido?
- Sabe, eu gosto de vc, mesmo vc estando desta maneira. – Ele senta ao lado acendendo seu cigarro.
- Vai pro inferno! – Ele ri da cara q eu faço.
- Se for com vc, talvez. – Ele passa um dos braços pela minha nuca.
- Acho q tbm gosto de vc, bem pouquinho. – Deito minha cabeça em seu ombro, a noite está estrelada. – Quer entrar e ir pro quarto? – Ele faz aquela cara, a cara q eu tanto amo, tanto desejo.
- Claro. – Ele levanta e eu levanto logo em seguida.
- Estou com saudades de vc. – Ele pega na minha mão.
- Eu tbm. – Aperto seus dedos, meus dedos, nossos dedos. – Vc ainda se lembra como faz?
- Vai a merda. – Ele ri, sua risada ainda me faz tremer.
E é neste momento q vc se lembra pq ainda está casado, é neste momento q vc se recorda q nenhum jogador desiste do jogo até q ele seja enfim terminado.

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